Rachel de Queiroz, ao escrever sobre a Irmã Apolline Simas, sua mestra no Colégio da Imaculada Conceição, em Fortaleza, fala sobre os santos e sou tentado a copiar suas palavras: “Ninguém, mais que o santo, pode ser uma alma livre (…). Nós falamos em infinito, mas na verdade somos incapazes de conceber o ilimitado. Por detrás de uma muralha, sempre haverá outra muralha; e a ideia do sem-fim nos choca como um absurdo. Eles [os Santos] não: fazem do infinito a sua pátria, por onde vogam livremente, sem medida de tempo nem de espaço, sentindo-se verdadeiros donos da eternidade”.
Irmã Simas era Filha da Caridade de São Vicente de Paulo e sobre ele, também, Rachel escreveu, em 1960: “Há, na santidade de Vicente de Paulo um elemento que o aproxima especialmente de nós, no nosso século tumultuoso. É a sua condição de ativista, de homem atuante, de operário de Deus, que enfrenta o mal pegando-o pelos chifres, em vez de apenas o exorcizar. Com a sua energia de camponês, o seu bom senso popular, fez da caridade uma tarefa do corpo, além de uma exaltação da alma”.
Em agosto de 2015, numa pesquisa de rotina, encontrei fotos da exumação de São Vicente de Paulo de 1960. São fotos em preto e branco. Procurei o Dr. Cícero Moraes que, por sua experiência, achou que dariam para fazer a reconstituição, todavia, solicitou a análise de vários peritos que foram unânimes em afirmar a possibilidade de reconstrução. De posse dessas informações, em outubro de 2015, contactei o então Superior Geral da Congregação da Missão, Pe. Gregory George Gay, CM, pedindo a autorização de uso das imagens e, ainda, para reconstrução facial. Ele prontamente nos respondeu, via Secretário Geral da Congregação, dizendo que depois de ouvir o Postulador Geral, o uso das imagens deveria ser autorizado pelo responsável pelo site onde elas estavam e desejou-nos bom trabalho.
Os negativos em preto e branco estão sob a guarda da DePaul University, em Chicago, nos Estados Unidos. Cícero Moraes que fala e escreve fluentemente inglês, escreveu à DePaul University e a resposta veio do ex-Reitor daquela Universidade Vicentina e grande investigador sobre São Vicente, Pe. John E. Rybolt, dando a autorização de uso das imagens e dizendo-se interessado em reconhecer o resultado final.
A reconstrução poderia ter sido feita naquela época, mas, confirmando o preceito contido na Bíblia, em Eclesiastes 3,1 “Para tudo há momento, e tempo para todo o propósito debaixo do céu”. E agora, quando nosso estimado amigo Cícero Moraes, recebe por seus méritos e feitos para a ciência o Título de Doutor Honoris Causa pela Faculdade Tecnológica de Limoeiro do Norte, da Fundação Cariri, dirigidas pela Prof. Ma. Antonia Ladislau, e a Diocese de Crato, administrada pelo Mons. José Vicente de Alencar Pinto, temos a oportunidade de conhecer a vera face de São Vicente de Paulo, neste dia 13 de fevereiro, na Catedral de Crato, terra do Pe. Cícero.
São Vicente tinha uma retrusão de mandíbula. Não desfrutava de beleza física. Possivelmente sua voz era diferenciada. É a prova de que Deus habita o que de melhor temos que é o coração e nisso está a grandeza de Sua beleza. Não só na oração, mas, sobretudo, na caridade e nas virtudes evangélicas.
São Vicente vive!
Salve São Vicente de Paulo!

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