Iniciando o mês de Setembro, a Igreja nos convida a dedicar este mês às Sagradas Escrituras e já virou uma tradição na Igreja do Brasil, que seja lembrado como o “mês da Bíblia”.
Setembro foi escolhido pelos bispos do Brasil em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30. Ele foi um eremita que viveu no século IV e foi o primeiro tradutor da Bíblia dos originais em grego e aramaico para o latim, a língua falada pelo povo em sua época. Sua tradução foi chamada de Vulgata, ou seja, popular.
O minucioso trabalho do santo eremita lhe custou mais de três décadas de sua vida, o que lhe exigiu amor e zelo por esta Palavra da Revelação divina. De fato, todos os que se dizem cristãos deveriam amar e buscar conhecer a Bíblia. Certa vez, afirmou-se com muito acerto que ela é a “carta que Deus escreveu à humanidade”. Essa expressão de sentido metafórico nos mostra que a Escritura é uma biblioteca de textos literários e históricos, escritos por várias pessoas de várias épocas que, sob inspiração divina, relataram as experiências do Povo de Deus. É uma sólida fonte para se conhecer Deus e sua aliança de amor com a humanidade.
Vale ressaltar que essa coletânea de livros sagrados, na forma como a conhecemos hoje, foi selecionada e compilada pela própria sabedoria da Igreja, que após muitos estudos e concílios, escolheu os livros que trazem esta sublime mensagem da palavra divina. Atualmente, todos os cristãos têm acesso à Bíblia e nela devem reconhecer um instrumento de aprofundamento espiritual, uma palavra que conforta, ampara, exorta e ensina.
O Papa Bento XVI muito exortou os cristãos a interpretarem a Bíblia à luz da Tradição da Igreja, à luz de uma herança que foi se acumulando ao longo de dois mil anos a partir de grandes luminares do catolicismo: exegetas, teólogos, místicos e estudiosos da Bíblia. Assim nos diz o Santo Padre: “A Palavra de Deus não está presa à escrita. Se, de fato, o ato da Revelação se concluiu com a morte do último apóstolo, a Palavra revelada continuou a ser anunciada pela viva Tradição da Igreja.” Há muitos pregando falsas doutrinas e fazendo errôneas interpretações da Bíblia, andando de porta em porta, cada um com uma interpretação diferente.
Por isso, ao celebrar o mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la cada vez mais e a fazer dela, a cada dia, uma leitura meditada e rezada. O contato e o conhecimento da Palavra de Deus são necessários, não para que se formem sábios estudiosos da Bíblia, mas para que haja no mundo testemunhas vivas do amor que é comunicado naquelas entrelinhas. O mundo não está carente de teorias bíblicas, mas de testemunhos.
Portanto, devemos voltar os nossos ouvidos à voz da Igreja que, ao longo dos séculos e através de seus pastores, vai semeando a Verdade. Assim, que a mesma Palavra anunciada e vivida por reis, profetas, apóstolos, mártires, santos e bem-aventurados do passado inspire também os cristãos do nosso tempo.

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