“Sobral, cidade abençoada!”
Há exatos 250 anos, na ribeira do Acaraú, mais uma vila era fundada. A futura cidade de Sobral teve início em torno de uma fazenda e, com uma história marcada pelo progresso e pelas riquezas econômicas, a antiga Caiçara tornou-se uma cidade referencial no Brasil.
Assim como a maioria das povoações brasileiras, Sobral surgiu em torno da fé cristã. Com a criação da freguesia de Nossa Senhora da Conceição, em 1726, aglutinou-se um povoado em torno da Igreja Matriz. Era a época das charqueadas nos sertões do Ceará e a população logo aumentou.
Em 1773, a fazenda foi elevada à condição de vila e, a partir de então, sua denominação foi mudando: Caiçara, Vila Distinta e Real de Sobral, Fidelíssima Cidade Januária do Acaraú e, simplesmente, Sobral, nome que faz alusão a uma espécie de árvore, chamada sobreiro. Porém, entre esses nomes que já recebeu, o que se destaca mesmo é o seu pomposo apelido: “Princesa do Norte”!
Não se sabe ao certo como surgiu tal denominação, mas desde o século XIX, Sobral recebeu uma forte influência europeia, o que se refletia nas edificações, no nome das ruas e até mesmo nas vestimentas das pessoas. A Princesa do Norte era uma cidade no meio do sertão, mas que tinha os ares da Europa. Sua riqueza era inegável. Após as charqueadas, veio a economia do algodão e, com a estrada de ferro inaugurada em 1882, impulsionou-se a industrialização. E assim, desde as eras do Império, Sobral foi ganhando sua “beleza e porte real”, como diz a música que homenageia seu bicentenário.
Outra grande marca é a religiosidade e a influência da Igreja na história sobralense. Quem primeiro escreveu a história de Sobral foi Dom José Tupinambá da Frota, seu primeiro bispo e maior benfeitor. Por ocasião do centenário do nascimento de Dom José, em 1982, Monsenhor Ximenes Aragão publicou neste jornal um panegírico sobre o referido bispo, no qual se lê o seguinte trecho: “A caminhada de libertação de um povo tem sempre um Abraão pela frente, tem um Moisés, um Messias, e Dom José representou todos eles na Israel de Sobral. Foi o maior profeta. Aquele que apareceu com uma luz e uma visão que ninguém teve”.
Muito se deve a Dom José o fato de hoje Sobral ser um dos maiores polos urbanísticos do Nordeste. Suas obras se espalham por toda a cidade, desde a Betânia até a Santa Casa, e elas mesmas testemunham a influência de Dom José no desenvolvimento de Sobral. O zelo pela educação que ele teve, na estruturação de escolas, foi o alicerce sobre o qual se estruturou esta grande cidade universitária que recebe estudantes e professores de todo o país, atualmente.
As inúmeras igrejas que se ergueram nesta cidade histórica fizeram com que a cultura religiosa se diluísse na própria cultura local. E junto com as igrejas, o sítio urbano de Sobral, rico em beleza arquitetônica, foi tombado como patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1999. Sobral também figura na história astronômica por ter sido o local de comprovação da Teoria da Relatividade de Albert Einstein, em 1919.
Aquilo que está cravado nas tábuas da história é uma realidade factual que não pode ser nagada. Não se pode desconsiderar a presença e atuação da Igreja na edificação da cultura sobralense e na formação humana dos grandes benfeitores da cidade. A força do querer de alguns não será capaz de provar o contrário!
Encerramos este editorial citando um trecho da homilia de Monsenhor Agnaldo Temóteo na missa em ação de graças pelos 250 anos da cidade: “A cidade de Sobral nasceu e cresceu à sombra da Cruz Redentora, iluminada pela fé cristã e pelos valores do Evangelho”!
Parabéns à Princesa do Norte e felicidades a todos os sobralenses pelos 250 anos da cidade!