Hoje, 19 de março, a Igreja celebra a Solenidade de São José, Patrono Universal da Igreja, celebrada dentro do Ano Especial dedicado ao esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus. Para ele, o Papa Francisco, em continuidade com os últimos Pontífices, uma Exortação Apostólica, cujo título Patris corde (“Com coração de pai”), evoca a ternura com a qual a Igreja se volta para aquele recebeu a missão de cuidar do Filho de Deus feito homem.
O Ano Especial dedicado a São José, aberto no dia 8 de dezembro de 2021, se estende até 8 de dezembro de 2021 e celebra o 150º aniversário da declaração de São José como Patrono Universal da Igreja, feita pelo Beato Pio IX, em 8 de dezembro de 1870. A referida declaração é bem justa e conforme aos relatos bíblicos sobre a figura do esposo da Virgem Maria e pai de Jesus (cf. Mt 1,18-25; 13,55: “Não é este o filho do carpinteiro?”). o Papa Francisco ressalta que “depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício”. Isso mostra o amor que a Igreja devota a São José, especialmente apresentando a sua figura como exemplo a ser seguido.
São José é visto como aquele homem que passa despercebido, cuja presença é discreta e escondida, mas com uma condição tão próxima da nossa condição humana, vivendo as realidades que a vida exige, seja nas alegrias seja nas tristezas. Ao tomar a iniciativa de celebrar os 150 anos da declaração de São José como Patrono Universal da Igreja, o Papa Francisco deseja que o amor por São José leve a todos a implorar sua intercessão e imitar suas virtudes e o seu desvelo. Este ponto é muito importante para o significado de nossa devoção aos santos. Claro, em relação a São José estamos diante de uma figura tão especial pela missão apresentada nas Sagradas Escrituras. Na devoção aos santos é preciso que tenhamos duas atitudes: a primeira – nenhum santo substitui a relação primordial e fundamental que nós temos com Deus Pai, relação que foi revelada por Jesus Cristo e que é realizada pela ação e presença do Espírito Santo, e que também é razão pela qual existimos, isto é, Deus nos criou para entrar em relação conosco, fazendo-nos capazes dele (cf. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, nn. 27-30). A intercessão dos santos se enquadra nessa perspectiva. Eles vivem essa relação na plenitude, na experiencia eterna da contemplação face a face com Deus. Que eles estejam orando por nós, a Liturgia da Igreja expressa na Oração Eucarística, quando afirma, antes do canto do Santo: “Por ele os anjos celebram vossa grandeza e os santos proclamam vossa glória. Concedei-nos também a nós associar-nos a seus louvores, cantando (dizendo) a uma só voz” (MISSAL ROMANO. Oração Eucarística II. Prefácio). E ainda mais: aqueles que consideramos “santos”, foram homens ou mulheres que, enquanto vivam neste mundo e deram testemunho de fé, viveram essa mesma fé com o componente indispensável da intercessão, o que não acaba com a morte, mas é levado à plenitude da visão beatifica, ou seja, a experiência de rezar e interceder pelos outros que fazemos aqui, alcança no céu o seu perfeito cumprimento. Em segundo lugar, a devoção aos santos alcança seu sentido completo se há a busca por imitar as virtudes deles, ou seja, sermos santos. Essa, na verdade, é a vocação primordial, esse é o desejo de Deus para nós: que a relação com Ele possibilita – Ele é santo e nos santifica. Ser santos: eis a nossa vocação (cf. FRANCISCO. Exortação Apostólica Gaudete et exsultate. 19 de março de 2018).
Que esse caminho seja direcionado a todos, a própria vida de São José manifesta. Na Carta Patris corde assim se expressa o Papa Francisco: “São José lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação” (FRANCISCO. Carta Apostólica Patris corde. Introdução).
Dom Jaime Vieira Rocha – Arcebispo de Natal (RN)

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