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PAZ

Muitas pessoas conseguem, em vida, prover benefícios a outrem. Raras são as que o fazem após a partida. Alfred Nobel está entre estas. Como industrial e inventor sueco, enriqueceu por meio da produção de armamentos e explosivos, inclusive a dinamite. Suas invenções causaram muitas mortes e, talvez por remorso, deixou, para a criação do Prêmio Nobel, quase toda sua fortuna de 31 milhões de coroas suecas – 94% de seu patrimônio.
São 5 prêmios anuais concedidos ao maior benfeitor da humanidade em Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Paz. Por sua atuação em prol da democracia na Venezuela, a líder da oposição à ditadura de Nicolás Maduro, María Corina Machado, venceu o Nobel da Paz de 2025. Como vive escondida, não sabemos se irá à entrega do prêmio – uma medalha de ouro, um diploma e cerca de R$ 6,6 milhões.
Não há conflito entre a sua luta ser pela democracia e o Nobel ser o da paz. Jørgen Frydnes, presidente do Comitê do Nobel da Paz, afirmou: “O prêmio é uma forma de jogar luz sobre o avanço do autoritarismo (…) nos últimos anos. Viver em um mundo em que há menos democracia e mais regimes autoritários significa que o mundo também está ficando menos seguro. Nós acreditamos que a democracia é uma precondição para a paz. Nossa decisão é baseada apenas no trabalho e no desejo de Alfred Nobel”.
A laureada afirmou receber o prêmio em nome do seu povo, “que lutou por sua liberdade com admirável coragem, dignidade, inteligência e amor em 26 anos de violência e humilhação”, e dedicou o prêmio aos compatriotas, que muito merecem, e também a Trump, talvez pelo seu estilo ameaçador, útil à queda de Maduro. Ressalte-se, no entanto, que o líder dos EUA está longe de merecer o Nobel da Paz, um prêmio que deve ser dado à índole e não ao interesse.
A ação de muitos diante do poder e da política levou o genial Millôr Fernandes a criar a citação que se segue: “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”. María Corina Machado sabe a real diferença entre os dois regimes. Por isso, hoje, o Nobel lhe veio, e talvez, no futuro, nos venha a paz.

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