Sergio Moro pede demissão do governo Bolsonaro

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Correio da Semana
O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, confirmou sua demissão do cargo na sexta-feira (24) logo após a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF) Maurício Valeixo, indicado por Moro, ter sido publicada no Diário Oficial da União (DOU), assinado eletronicamente por Bolsonaro e, o agora ex-ministro da justiça e segurança pública. Moro deixa o governo Bolsonaro após 16 meses, alegando interferências políticas do presidente na PF.
Em coletiva de imprensa, Moro afirma ter sido surpreendido com a exoneração de Maurício Valeixo. Ele ressalta que o diretor-geral da PF jamais pediu para deixar o posto e afirma não ter assinado a exoneração publicada no DOU. “Fiquei sabendo da exoneração pelo Diário Oficial. Ele não pediu exoneração. Fui surpreendido. Achei que foi ofensivo”, disse o ex-ministro.
Sergio Moro destaca que não haveria problema se a troca do diretor-geral da PF fosse baseada em um erro grave no desempenho de Valeixo, mas o presidente teria cogitado outros nomes de contato pessoal. “Me disse, mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, para quem ele pudesse ligar, colher informações, que pudesse colher relatórios de inteligência. Este, realmente, não é o papel da PF”, relatou. Moro ainda pontuou a autonomia da Polícia Federal durante a Lava Jato. “Imagina se durante a própria Lava Jato, o ministro, diretor-geral, a então presidente Dilma, o ex-presidente Luiz, ficassem ligando para a Superintendência de Curitiba para colher informações”, disse no pronunciamento.
Ainda na tarde de sexta-feira (24) Jair Messias Bolsonaro realizou um pronunciamento no Palácio do Planalto para contestar as acusações de Moro a respeito de interferências políticas na PF. “Autonomia não é sinal de soberania. A todos os ministros, e a ele também, falei do meu poder de veto. Os cargos-chaves teriam que passar pelas minhas mãos e eu daria o sinal verde ou não. Para todos os ministros, foi feito dessa maneira. Mais de 90% dos cargos que passaram pela minha mão eu dei sinal verde”, relata.
Em seu discurso, o presidente relatou que o ex-ministro da justiça disse que só poderia ter uma troca do diretor da PF em novembro, quando ele o indicasse ao Supremo Tribunal. “E mais, já que ele falou em algumas particularidades, mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse pra mim: ‘você pode trocar o Valeixo, sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal’. Me desculpa, mas não é por aí, reconheço as suas qualidades, em chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco”, disse o presidente.
Minutos depois do pronunciamento, Moro contestou a informação. “A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”, escreveu o ex-ministro por meio de rede social.
Sergio Moro se tornou um dos ministros de maior alcance popular do governo de Jair Bolsonaro por ser ex-juiz da Lava Jato.

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