A fé madura e perseverante
Domingo passado, por ocasião da festa da misericórdia, a Igreja refletiu sobre o evangelho da aparição do Cristo Ressuscitado aos onze e de como São Tomé, de homem incrédulo chegou à maturidade da fé. Mas o que seria uma fé madura? Seria uma fé racional e inteligente? É sempre propícia uma reflexão de como os homens e as mulheres tem vivido a sua fé.
No capítulo 11 da carta aos Hebreus, há um texto bastante sugestivo, no qual o autor apresenta uma série de exemplos da fé perseverante de muitos dos nossos antepassados do Antigo Testamento. São inúmeros testemunhos de homens fieis que empenharam a vida naquilo que acreditaram. E, por causa da fé que tiveram, foram validos por Deus.
“A fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem. Foi ela que valeu aos antigos seu belo testemunho” (Hb 11, 1-2). Nesses versículos, o autor se dirige aos cristãos, desanimados pelas perseguições, e lhes explica que a fé é totalmente orientada para o futuro e liga-se ao invisível. Essa definição aponta a fé como posse antecipada e conhecimento seguro das realidades celestes.
Os discípulos da primeira hora, naquele primeiro alvorecer da evangelização, precisaram de tal grande virtude para cumprirem sua missão de forma intrépida e ardorosa. Motivados pela fé convicta e madura da Virgem Maria, puderam anunciar o Evangelho. E assim foi a fé autêntica de tantos mártires que banharam a terra de sangue por terem acreditado.
Foi pela fé que os santos, os pastores, os confessores, os grandes luminares da Igreja e as santas virgens viveram neste mundo, mas aspiravam a uma pátria melhor, isto é, a uma pátria celeste. Com tão grande nuvem de testemunhas ao nosso redor, não podemos viver uma fé ingênua e descomprometida, com uma espiritualidade que, em vez de libertar, apenas aliena e aprisiona.
Muitas vezes, somos capazes de acreditar em tantas notícias falsas, ideologias, propagandas, discursos abomináveis, mas nas verdades reveladas por Deus, temos dificuldades de depositar a nossa fé. Acreditamos em tantos políticos, mas fazemos pouco caso do que dizem os homens de Deus. Deposita-se a fé naquilo que não é digno de fé.
Em tempos tão difíceis que não nos permitem ter acesso aos templos, lugares sagrados de encontro com Deus onde a fé é renovada, precisamos mais do que nunca reanimar a crença em Deus, na Virgem Maria, nos anjos e santos. É tempo de viver a fé católica de forma sincera e verdadeira, tal como viveram nossos antepassados, que enfrentaram tantas cruzes e agruras, mas não desanimaram naquilo em que acreditavam.
Aos caros leitores, é recomendável a leitura do capítulo 11 da carta aos Hebreus. É tempo de aprender a acreditar mais, de ir além, bem mais além dos sentimentos. É tempo de sermos cristãos de alma boa e de fé inteligente, vivendo de perguntas e respostas, crendo com raça e humildade. Tal como Deus recompensou a fé dos antigos, Ele também há de recompensar a nossa.