Um em cada quatro alunos havia experimentado bebida alcoólica antes de completar 14 anos, no Ceará

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alcoolismo

Fonte: SDI IBGE/CE
Cerca de 53,8% dos estudantes cearenses de escolas públicas e particulares entre 13 e 17 anos já experimentaram bebida alcoólica e cerca de um quarto deles (25,3%) provou pelo menos uma dose antes de completar 14 anos. As meninas são mais expostas a essa iniciação precoce: 26,6%, contra 24,0% entre os meninos. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019, divulgada hoje (10) pelo IBGE.
A pesquisa retrata a saúde de mais de 150 mil estudantes de todas as regiões do país e traz temas como violência, saúde mental e uso de drogas. Os dados se referem à realidade dos jovens antes da pandemia de Covid-19, cujas medidas de isolamento social e distanciamento físico do ambiente escolar podem ter agravado a situação.
Para o gerente da pesquisa, Marco Andreazzi, o uso de bebidas alcoólicas na adolescência está relacionado a problemas de saúde posteriores e aumenta as chances de consumo abusivo na idade adulta. “Os efeitos secundários incluem problemas renais, hepáticos, cardíacos e de desenvolvimento cerebral. São efeitos muitos diversos e, quanto mais precoce for esse uso, maior o risco de doenças crônicas degenerativas que ocorrem em função desse uso prolongado”, diz.
Entre os estudantes que experimentaram bebidas alcoólicas, 43,7% disseram ter tido episódios de embriaguez. Esse percentual foi maior entre os estudantes de escolas da rede pública (44,4%) do que entre os da rede privada (39,3%). Cerca de 15,1% relataram a ocorrência de problemas em consequência de terem bebido, entre eles estão o conflito com a família ou amigos, a perda de aulas ou brigas.
O consumo recente de bebidas alcoólicas também foi abordado pela PeNSE. Cerca de 20,2% haviam bebido ao menos uma dose nos últimos 30 dias antes da pesquisa.
Entre as questões levantadas também estava o uso de bebidas alcoólicas pelos pais dos adolescentes. Mais da metade dos escolares de 13 a 17 anos (51,0%) respondeu que o pai, a mãe ou ambos consumiam esse tipo de produto.

Uso do cigarro
A pesquisa também mostrou que 17,6% dos estudantes entre 13 e 17 anos já experimentaram cigarro. Cerca de 9,0% dos escolares nessa faixa etária haviam fumado antes de completar 14 anos. Assim como em relação à bebida, a PeNSE também averiguou junto aos adolescentes o consumo atual de cigarros. Cerca de 5,7% dos estudantes cearenses haviam fumado nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa.
Outro aspecto levantado pela PeNSE foi a forma de obtenção de cigarro e bebidas alcoólicas. Apesar de a legislação proibir a venda desses produtos para menores de 18 anos, lojas, bares, botequim, padarias ou banca de jornal foram apontados por 26,7% como o lugar onde obtiveram cigarros.
“O que isso mostra é que existem atos ilícitos de compra e venda desses produtos. Há, na nossa pesquisa, outras possibilidades de resposta a essa pergunta, mas a compra é a mais frequente forma de obtenção. Ou seja, a legislação não está sendo cumprida adequadamente”, afirma o pesquisador, que ainda destaca o número alto de escolares que experimentam o cigarro antes dos 14 anos. No Sul, esse indicador tem uma grande diferença entre os sexos: 18% das meninas já fumaram antes dos 14 anos, contra 13,5% dos meninos.
Como entre os adultos, entre os jovens o produto do tabaco mais consumido é o cigarro convencional. No entanto, o consumo de tabaco sem fumaça e outros produtos do tabaco fumado, como os cachimbos de água ou narguilé, têm sido observados de forma crescente no mundo.
Entre os escolares cearenses de 13 a 17 anos, 12,9% já haviam experimentado o narguilé, sendo a maior frequência entre os estados da região nordestina em Alagoas e Sergipe, respectivamente, 15,8% e 15,7%.

10% dos escolares de 13 a 17 anos já usaram droga ilícita, no Ceará
Cerca de 10,0% dos escolares haviam experimentado algum tipo de droga ilícita, como maconha, cocaína, crack e ecstasy. Entre os estudantes da escola pública (10,4%), a exposição era maior do que entre os da rede privada (7,3%). Regionalmente, os maiores percentuais se encontravam no Sul (16,7%) e Sudeste (16,2%) e os menores, no Nordeste (7,9%) e no Norte (9,3%).

O percentual de jovens cuja primeira experiência com drogas ilícitas aconteceu antes dos 14 anos foi de 4,1%.]
A pesquisa também levantou o percentual de escolares de 13 a 17 anos cujos amigos usaram drogas ilícitas na sua presença pelo menos uma vez nos 30 dias anteriores. Essa situação foi relatada por 13,8% dos escolares nessa faixa etária. Para Andreazzi, esse é um indicador de exposição à experimentação de drogas. “Enquanto na experimentação do álcool existem muitas vezes a influência da família, na situação da droga ilícita e do cigarro, o consumo tem mais a ver com a situação do grupo em que o adolescente está inserido. Por exemplo, podemos observar que o consumo do cigarro pelos pais caiu, ao passo que cresceu entre as meninas mais jovens”, diz.
Já em relação ao uso recente, 3,9% dos escolares afirmaram ter usado maconha nos 30 dias que antecederam a pesquisa.

19,5% dos escolares cearenses afirmaram sentir que a vida não valia a pena
Em 2019, 3,8% dos escolares não tinham nenhum amigo próximo. O percentual de adolescentes em escolas públicas sem amigos próximos (4,0%) supera em muito os da rede privada (2,3%).
A PeNSE buscou captar como os adolescentes se sentiam nos 30 dias anteriores à pesquisa. Mais da metade (54,5%) sentiam muita preocupação com as coisas comuns do dia a dia, na maioria das vezes ou sempre. As meninas (65,7%) se preocupavam mais que os meninos (42,7%) e os alunos da rede privada (62,1%) mais que os da rede pública (53,3%).
Além disso, 38,8% dos adolescentes cearenses se sentiam irritados, nervosos ou mal-humorados na maioria das vezes ou sempre. E 29,2% dos adolescentes disseram acreditar que ninguém se preocupava com eles na maior parte do tempo.
O dado mais alarmante é que 19,5% afirmaram sentir que a vida não valia a pena ser vivida, sendo 20,1% das meninas e 13,6% dos meninos.

Mais da metade dos adolescentes cearenses avaliam seu corpo como “normal”
Mais da metade dos alunos cearenses (52,0%) autoavalia seu corpo como “normal”. Cerca de 28,6% dos estudantes se acham magros ou muito magros e 18,8% se acham gordos ou muito gordos. No recorte por sexo, observou-se que a maior parte das alunas percebiam-se como muito magras ou magras (31,1%) e muito gordas ou gordas (21%), enquanto 56,3% dos escolares masculinos notavam-se com o peso normal.
Supervisão de Documentação e Disseminação de Informações – Unidade Estadual do IBGE no Ceará

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