A grande relevância da educação informal

0

Lembro-me muito bem quando ainda criança para a minha adolescência brincava de bola feita de meias, brincava de bila, dos quatro cantos, de melancia, de esconde-esconde, jogo de peão, de castanha, de triângulo e de esquerda. Esta brincadeira quando já estava paquerando. Era muito divertido. Todavia, tínhamos que chegar na hora certa em casa. Se não chegasse era peia. Seis bolos de palmatória na mão direita e seis na mão esquerda. Depois eu ia lavar as mãos com sabão para a dor passar mais rápido. Minha linda mãe Risalva Maria de Almeida Campos era quem dava as palmadas. Nem por isso deixei de amá-la.
Às vezes, quando não queria apanhar, corria para a loja do meu pai e chegando lá todo suado ele dizia: “já sei, fez alguma traquinagem, né”? Daí como já era quase hora do almoço ele completava: “Fique aí que já a gente vai pra casa”. Quando chegava em casa a minha mãe já tinha passado a raiva e não mais me batia. Eu ia tomar banho, almoçar e vestir a farda para ir à escola.
A educação que recebi dos meus pais sempre foi muito levada a se ter respeito pelos outros, a ser uma pessoa honesta e de bom caráter. Falando em honestidade lembro-me de uma situação constrangedora. Eu gostava muito de carrinhos para brincar. Alguns deles fazia de lata de sardinha e tampa de vidro de mercúrio. Certa vez, na feira de domingo em Mucambo, ainda criança, fui à Barraca do Sr. Zacarias e na displicência dele peguei um carrinho e corri imediatamente para a loja. Na minha inocência mostrei ao meu pai dizendo que tinha retirado sem que ninguém tivesse visto. Meu pai então, logo me levou até a barraca, me fazendo devolver aquilo que não era meu. Daí depois de pedir desculpas ao comerciante veio o sermão para me repreender. A lição ficou para sempre.
Contando essas histórias para um amigo meu chamado Roberto Cunha, ele me disse que uma das coisas que ele fazia quando criança era pegar chicletes na Agência Zé Freitas, transportadora de mercadorias que existia em Sobral. Quando o caminhão chegava com os produtos ele e mais alguns amigos ficavam na expectativa de retirarem os chicletes, escondidos do proprietário da agência. Claro que o pai dele ao saber explicou que aquilo não era correto.
Um detalhe que tinha mérito era não entrar na conversa dos adultos. Passar no meio de dois ou mais adultos conversando nem pensar. Até podia, mas pedindo licença educadamente. O respeito aos irmãos mais velhos era de fundamental importância. Pedir desculpas quando necessário era exigido sempre, bem como dizer obrigado.
Outra particularidade era o trabalho. Aos 11 anos de idade eu já cuidava dos porcos que meu pai criava. Lavava o chiqueiro e botava ração. Tirava capim para o gado e levava as vacas para pastarem.
Tudo isso fez parte da minha educação informal. Aprendi com obediência a ter um bom caráter, respeito e honestidade.
Por Salmito Campos (salmitocamposs@gmail.com).

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *