Nesta semana, a 2ª do Tempo Comum, a Igreja celebrará a memória de alguns mártires. Dentre estes, alguns são bem populares, como São Sebastião e Santa Inês. Nesse sentido, cabe-nos fazer uma reflexão sobre o tema do martírio, ainda bastante atual e presente na vida da Igreja. O Papa Francisco frequentemente traz tal reflexão em suas homilias e audiências gerais.
Engana-se quem pensa que o martírio é uma realidade dos primeiros séculos, quando o Império Romano perseguiu e matou muitos dos santos mártires que hoje conhecemos. Para o Santo Padre, hoje existem mais mártires que no início da vida da Igreja, e eles estão por todos os lugares. Vale salientar também que o martírio tem acompanhado a Igreja ao longo dos séculos e há quem diga que ele renova e dá vida à Igreja de Cristo.
De fato, não há como discordar da frase de Tertuliano, bispo do terceiro século, que dizia: “o sangue dos mártires é a semente de novos cristãos”. Quanto mais se perseguia os cristãos, maior era o número daqueles que aderiam à fé cristã. Era um testemunho que fecundava a palavra de Deus nos corações.
A própria palavra mártir vem de uma palavra grega, martirion, que significa testemunho. O mártir é aquele que dá testemunho. No cristianismo, a pessoa martirizada entrega a própria vida, dando testemunho de sua fé em Cristo. E, apesar do horrível que possa parecer o martírio, é justamente nisso que consiste a beleza desse testemunho.
Atualmente, essa realidade acompanha a Igreja no Oriente Médio, na Ásia e em muitas regiões da África. Mas também na América Latina e no Brasil, há relatos de cristãos mortos por defenderem os valores do Evangelho e as causas dos mais pobres. Como exemplos temos Santo Oscar Romero, Ir. Dorothy, Pe. Jósimo Tavares, Pe. Ezequiel Ramim, que inspiraram a composição do belíssimo Pai-nosso dos mártires.
Além disso, há também o martírio branco de cada dia, como definiu o Papa Bento XVI. É o testemunho de fé que devemos dar nas realidades mais cotidianas de nossas vidas, como nas dificuldades de relacionamento com o outro, em suportar uma enfermidade e em abraçar com serenidade as cruzes do dia-a-dia.
Outro martírio da atualidade é o martírio da fidelidade. Todos os cristãos, que professam a fé católica, não podem abrir mão dos valores do evangelho e daquilo que é princípio de fé. É defender a vida quando ela é ameaçada e quando se defende o aborto, é defender a família diante de tantas ideologias contrárias, é defender a fraternidade em um mundo cada vez mais egoísta e excludente.
Portanto, a marca da fidelidade tem caracterizado o martírio de ontem e de hoje, com ou sem derramamento de sangue. Em um mundo de princípios cada vez menos cristãos e de ideais cada vez mais frágeis, precisamos ser perseverantes na fé e fieis ao evangelho. Tal é o martírio que nos faz imitar o mártir maior Jesus Cristo.

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