Um fato cômico no sertão cearense
Entre algumas reminiscências que tenho, apresento o casal Sr. Manoel Carvalho da Frota e a Sra. Vânia Lima Carvalho da Frota. O Sr. Manoel Carvalho era um homem de pele branca, estatura mediana, calvo, olhos amarelados, usava óculos com graus muito elevados, (óculos fundo de garrafa), não escutava bem, mas muito bem sucedido comercialmente no município de Varjota Ceará.
Dona Vânia Carvalho, branca, estatura mediana, olhos pretos, cabelos louros, lisos e muito bem cuidados. Muito vaidosa, andava sempre bem vestida, simpática e divertida. Conversava com todas as pessoas que encontrava, principalmente sobre política. Não foi à toa que fez seu marido vereador, vice-prefeito e por fim prefeito do município.
As duas filhas, (Vanessa e Viviane, hoje casadas), olhos verdes, simpáticas, muito bonitas, tempos atrás chamava a atenção de qualquer rapaz.
Quem não queria à época, ter uma namorada: bonita, educada, universitária, filha de um empresário bem sucedido e político, participante da aristocracia local? Claro, uma jovem desta origem estava aos olhos dos mais diversos rapazes da cidade e daqueles que a visitavam na época dos festejos da padroeira Nossa Sra. Santana.
Chegando o mês de julho a cidade ficava repleta de universitários, filhos da “terrinha” que estavam em São Paulo, Rio de Janeiro e turistas das cidades circunvizinhas.
A casa do Sr. Manoel ficava lotada de amigos e amigas das filhas. Embora com seis quartos para abrigar a rapaziada nas camas e redes, ainda tinha gente que dormia em colchões improvisados estendidos ao chão. Isso não era problema para aquela juventude entusiasmada.
Dona Vânia, com tanta gente assim, teria a necessidade de encontrar mais uma secretária para os serviços gerais da casa.
Assim, Dona Vânia disse ao marido que precisava ir a uma localidade do município a procura de mais uma pessoa para ajudar nos afazeres da casa. O Sr. Manoel disse: mas Vânia, já são mais de cinco e meia da tarde, como é que eu vou dirigir sem enxergar bem? Dona Vânia sem titubear responde: Manoel, o tempo ainda está claro, outra coisa, é muito perto a casa da Tereza. A casa do pai dela, Seu Chico Antonio, é aqui nas Moitinhas.
Numa estrada de chão com piçarra poeirenta, Sr. Manoel começa a dirigir. De repente ele pára no meio da estrada, já um pouco confuso com a visão e pergunta: meu senhor, por gentileza, o senhor sabe onde é que fica a casa do Seu Chico Antônio? Dona Vânia imediatamente diz para o marido em voz alta: Manoel, isso é um tôco! O marido responde: cala a boca Vânia, se não o “homi” vai ouvir. E aí Dona Vânia continua: Manoel, isso é um tôco. O marido continua: Vânia, deixa eu perguntar ao “homi” se ele sabe. Manoel, isso é um tôco, ele não sabe não. Vamos mais adiante.
O que sabemos é que o casal acabou por encontrar a casa do Seu Chico Antonio e contratar a Tereza.