“Esse, sim, é que é o homem!”

Certa vez, numa lanchonete de Sobral, “sem querer querendo”, como diria o saudoso comediante mexicano Roberto Gómez Bolaños (Chaves), ouvi um curioso diálogo de amigos que chegavam de um distrito sobralense. Referindo-se a um famoso e político local, um deles disse muito alegre:
“Esse é que é o homem! Pois não é que ele passou lá em casa ontem à noite para me visitar e, como estava cansado, pediu para descansar um pouco. Sem rede nova para oferecer, falei que só tinha a que meu garotinho havia acabado de ensopar de xixi e cocô mole. Ele aceitou de todo gosto e dormiu feito um anjo. O cabra é macho mesmo!”.
Isso foi o bastante para o outro camponês também dizer: “Esse é que é o homem, compadre!”
Escutar-se isso de rudes sertanejos até que dá para engolir, não obstante se saiba que a globalização vem exterminando até mesmo a ingenuidade dos matutos. Agora, lamentável é ainda ouvir-se avaliação semelhante proferida por algum letrado, esperto e, às vezes, tido com formador de opinião. Mas, infelizmente, como se tem escutado isso nesses dias!
Mais triste ainda quando o objetivo é também enaltecer outro tipo de “macheza”: a de quem se propõe a governar um país, estado ou município, ou apenas auxiliar nesse governo, como se para isso fosse imprescindível ter uma qualidade que retrocede no tempo. Aquela que remonta ao tempo em que tudo se resolvia através da valentia, na base do braço, da faca ou da bala.
Só que os tempos são outros: hoje valentes são os que têm como principal arma a ficha limpa, boas ideias e propostas factíveis.
Lamentavelmente hoje quem alardeia aquela antiga valentia não se apercebe de que quem porta tal “macheza” se respalda em outra arma: a nojenta prática de subavaliar, denegrir, achincalhar o adversário e seus projetos. E, assim, o próprio machão esquece que também tem falhas e defeitos. Já o adepto do “esse é que é o homem!” torna-se tão cego, ou tão submisso, que não consegue detectar que “esse homem valente” deixa completamente de lado o que lhe seria muito útil para a conquista de eleitores e de mais aliados. E que “esse homem” perde, portanto, a oportunidade de apresentar as suas boas qualidades: sua história, suas ideias, seus bons projetos… Esquece-se completamente da possibilidade de vencer por suas qualidades, fixando-se na ideia de derrotar o opositor tripudiando em cima dos defeitos desse ou mesmo os “fabricando”, caso não haja. E como é fácil detectar isso na atual campanha!
Responda de puder: Você já se deparou com algum desses cabos eleitorais querendo lhe empurrar goela abaixo um candidato? Você já se deparou com alguém que coloca essa “macheza” acima da honestidade, da sensatez, da coerência e da humildade para aceitar críticas honestas e sugestões de melhoria aplicáveis àquele para quem pede voto?

Se sua resposta é sim, fuja imediatamente desse caçador de votos. Mais ainda: ajude a expurgar da política tanto ele como seu protegido, e também alerte os demais eleitores.
Se ainda não se deparou, permaneça de olhos e ouvidos bem abertos, pois eles estão por aí à cata da próxima vítima. Por derradeiro, jamais esqueça: Antes de ser “macho” seja homem. Esse, sim, é que é o homem! De verdade.
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Não esqueça!
Transcorre neste sábado, 21, o Dia Mundial da Conscientização da Doença de Alzheimer, data instituída pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1994 para marcar a data da fundação da ADI (Doente de Mal de Alzheimer Internacional ou “Alzheimer’s Disease International”). No Brasil foi oficializada como “Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer” pela Lei Nº 11.736, de 10.07.20080. Tema da campanha deste ano: “É Hora de Agir pelas Pessoas com Demência”.

Objetivo
Chamar a atenção sobre essa doença progressiva, que afeta toda a família e ainda sem cura. Conforme o site criasaude, “No Brasil não há dados sobre a incidência da doença, entretanto, utilizando como base pesquisas em outros países e dados do IBGE, pode se estimar que 1,2 milhões de pacientes sofram com a doença, com cerca de 100 mil novos casos por ano”.

Cuidadores
Em 2025, segundo a OMS, com o avanço da medicina e melhora na sua qualidade de vida, os idosos representarão 50% da população brasileira. Isso garante o aumento do campo de trabalho para um profissional ainda pouco conhecido, quase não encontrado e muito pouco valorizado: Cuidador (a) de Idosos.

Imprescindível
Àqueles cuja missão é cuidar de pacientes com Alzheimer (familiares profissionais da saúde ou acompanhantes) não pode faltar alguns pré-requisitos. Dentre eles, paciência, amor, carinho, dedicação e outras habilidades/conhecimentos para lidar com idosos, algo que nem mesmo muitos da própria família conseguem ter. E, em muitos casos, quando têm não se voluntariam a oferecer ou até se negam a colaborar.

Princípio e fim
É mais que vocação começar a vida trabalhando com quem se aproxima do fim. A profissão reconhecida e inserida na Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego com o Código 5162-10 (Cuidador de pessoas idosas e dependentes e Cuidador de idosos institucional). Agora, pergunto: Onde encontrar esses profissionais em Sobral? A resposta viria mais rapidamente se por aqui fossem abertos cursos de formação de vocacionados.

Mais cuidadores
Em fase de regulamentação no Senado a profissão de Cuidadores de Idosos. Atualmente, mesmo juntando-se quem tem algum curso na área com quem tem apenas a prática ainda é muito pequena a quantidade para atender a grande e crescente demanda.

Na pele
É, portanto, “para ontem” exigir a formação de mais cuidadores. Sem isso, eu, quem sabe, você e muitos outros experimentaremos a falta que já estão fazendo esses profissionais, comprovadamente imprescindíveis na atualidade.

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