Dom José Luiz Gomes Vasconcelos, bispo diocesano de Sobral

Dom José Luiz Gomes Vasconcelos, bispo diocesano de Sobral

Existe um tipo de sabedoria que não é elevada. Ele não procura atenção. Ele não grita para ser visto. Ela simplesmente existe, silenciosa, profunda e eternamente. Esta é a sabedoria da Igreja Católica, um corpo que sobreviveu a impérios, a cismas, suportou escândalos e, ainda assim, permanece de pé, firme e sagrado. A Igreja Católica não é uma tendência. Não é uma onda social. É uma instituição que caminha com o tempo, mas escuta a eternidade.
Enquanto o mundo se ocupava de previsões, elaborando listas de cardeais notáveis, analisando alinhamentos políticos e formulando teorias sobre quem seria o próximo Papa, o Colégio dos Cardeais escolheu um caminho diferente. Ignoraram o barulho. Afastaram-se dos holofotes. Entraram no sagrado e regressaram com um nome que o mundo jamais imaginou. Papa Leão XIV. Um nome que não tinha sido sussurrado nos corredores da especulação. Um homem desconhecido nas manchetes. Uma escolha que silenciou todos os analistas e redefiniu a bússola da seleção divina.
Isto não é uma coincidência. É uma confirmação da ordem divina.
O que o Vaticano fez não foi apenas eleger um novo Papa. Fizeram uma declaração ao mundo. Lembraram à humanidade que Deus não segue tendências. Ele define-os. Que a verdadeira liderança nem sempre se encontra no óbvio. Que por vezes, quem carrega o manto não é aquele que o mundo espera, mas aquele que o céu aprova. Este é o mistério da sucessão divina, envolto em silêncio, revestido de oração e selado em sagrada deliberação.
Eu não sou católico. Mas a cada dia que passa, vejo claramente porque é que esta instituição continua a ser venerada. Não é porque os seus membros são perfeitos. Não é porque os seus líderes sejam imunes ao erro. Isto porque, apesar da imperfeição humana nela existente, a Igreja Católica permanece enraizada na ordem sagrada, na governação estruturada e na disciplina espiritual. É uma instituição que domina a continuidade. A sua longevidade não é sustentada pela conveniência, mas pela consagração.
Nenhuma igreja é perfeita. Nenhuma instituição humana está isenta de falhas. A Igreja Católica não é exceção. Nela existem homens e mulheres com diferentes graus de santidade, sinceridade e luta. Mas no meio de tudo isto, permanece um núcleo profundamente espiritual, um centro que se mantém, um sistema que funciona, um ritmo que não se quebra. Há aqueles que estão dentro dos seus muros que servem a Deus em espírito e em verdade, silenciosa, humilde e fervorosamente. A devoção deles não é uma performance. A fé deles não é uma moda. É uma vida.
O que aconteceu na eleição do Papa Leão XIV não é apenas um acontecimento político ou eclesiástico. É um espelho para o resto do mundo cristão. Expõe, por comparação, o caos que reina em muitos ambientes das igrejas modernas, particularmente no espaço pentecostal. Em algumas destas assembleias, as lutas pelo poder substituíram a oração, e a ambição afogou a unção. A liderança é herdada como propriedade. As eleições são manipuladas como acordos comerciais. O púlpito tornou-se uma plataforma para a performance, não um lugar de transformação. O altar tornou-se um local de exposição, não um santuário.
Mesmo entre os chamados irmãos, o amor arrefeceu. A lealdade é transacional. A fraternidade é vazia. É uma tragédia que muitas igrejas pentecostais não conseguem sequer imaginar manter um processo de sucessão tão transparente, espiritual e altruísta. Ajudar um colega ministro é visto como uma ameaça. A ideia de unidade na liderança foi substituída pela competição e pela suspeita. O sagrado está a ser sacrificado no altar do sucesso.
Mas hoje, a Igreja Católica recordou-nos algo que nos esquecemos. Que o reino de Deus não é ruído, mas ordem. Não exibição, mas disciplina. Não a popularidade, mas a pureza. Lembrou-nos que, quando Deus tem permissão para falar, Ele geralmente escolhe alguém que ninguém esperava. Ele ressuscitará o homem que está escondido. Ele levantará aquele que esteve no lugar secreto.
A eleição do Papa Leão XIV é uma lição para a Igreja e para o mundo. É um apelo ao regresso à estrutura, à sacralidade, à tomada de decisões guiada pelo espírito. É a prova de que uma instituição pode ser antiga, mas não obsoleta. Antigo, mas não irrelevante. Tradicional, mas não estagnado. É a sabedoria em ação.
Esta é a sabedoria da Igreja eterna. Este é o mistério da ordem divina. Este é o poder do sagrado. E num mundo afogado em confusão, ela brilha como uma luz que não pode ser escondida.
Que todo o ouvido que ouve ouça. Que todo o olho que o vê aprenda. Que todo o coração que o compreenda regresse ao antigo caminho que conduz à vida.
Verdadeiramente, Deus não pode ser manipulado como muitas das nossas eleições africanas!! Deus é Deus para sempre!
Escreve um juiz do Quénia que não é católico.
Hon. Juiz Aggrey

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