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O povo brasileiro comemora o Dia da Cultura. E falar de cultura e não citar Rui Barbosa é mesmo discorrer sobre futebol sem mencionar Pelé. Além de superficial, é injusto. Mais do que um craque com a pena na mão. Rui foi igualmente notável em tudo o que se propôs a fazer, Jornalista, jurista, orador, linguístico, político, sua trajetória se confunde à história contemporânea brasileira. Sobretudo cultural e política. Basta dizer que o Dia da Cultura, 5 de novembro é em homenagem a seu nascimento.
A cultura é uma forma de manifestação do ser humano que através de sua criatividade expressa ideias, crenças e valores. Pode-se mesmo dizer que a cultura é um traço que caracteriza a humanidade desde que pensamos a construir uma espécie. Enfim, para exemplificar o que estamos chamando de cultura: é a capacidade do ser humano de dar sentido ao que faz.
Um exemplo importante é a cena do filme Odisseia no Espaço: em que um humanoide lança ao ar um pedaço de pau que ele acaba de descobrir que pode utilizar como arma e, que no plano seguinte é substituído por uma nave espacial. Então, nesse caso recorremos uma manifestação cultural, que é o cinema.
Neste amplo sentido da manifestação cultural, podemos dizer a relação entre Estado e a vida cultural da sociedade brasileira não obedece a uma norma geral, válida para qualquer situação. O que é conveniente em um momento histórico, como a de proteção dos patrimônios históricos que estão sendo destruídos irremediavelmente nas velhas cidades brasileiras. Ou seja, são imóveis históricos de inegável valor históricos e artísticos.
Essa situação afeta não apenas as revitalizações dos imóveis dos patrimônios históricos e sim todas as diversidades culturais, dentre elas, o Nagôs, Axé, Iorubas e Malês, e outras diferentes áreas da cultura, como cinema, literatura, artes cênicas, música, museus e os direitos autorais, etc.
A resposta é tão dolorosa quanto simples: a cultura brasileira está passando por um período extremamente difícil após algo parece perverso neste cenário cultural, de tanto vai e vem do Ministério da Cultura, desde sua criação. E o pior, agora tem sido perseguidor por argumentos autoritários que nem é preciso exemplificar com vários exemplos, que apontam para a imensa quantidade de cidadão que estão privados do direito de se inserirem na sociedade moderna. Basta lembrar a variedade das línguas e das culturas indígenas que tão pedindo socorro no Brasil.
Isso é uma espécie de mostrar para o atual governo. A título de outros exemplos, lembramos as mais antigas manifestações religiosas, de anos ininterruptos de realizações em Belém do Pará, o Círio de Nazaré. A de São Francisco de Canindé, do Padre Cicero, em Juazeiro, de São José de Ribamar, no Maranhão, são expressões belíssimas não só de fé, como também dos intensos envolvimentos de todas as comunidades. e o que chama atenção é que guarda um caráter de expressão de valores arraigados nas comunidades, que ver nelas um importante traço de suas identidades. Não cansam de repetirem, “ Queremos os nossos fortalecimentos e às manutenções de nossas características próprias”.
Sem esquecer que estamos em tempo de crise, sem precisar falar do Sul, do Sudeste, do Leste e do Norte, nem querer puxar brasa para sardinha do Nordeste, dentre dos bons vizinhos, que têm os traços marcantes de suas fisionomias urbanas, o Ceará, com a presença muito forte de seletos grupos de artistas da cidade de Sobral, vêm realizando como muita luta um dos maiores festivais do folclórico do Brasil.
É claro que, é uma questão de muita luta, o Maranhão é extremamente ricas e vivas, a manifestação do bum-meu-boi. E sem dúvida, em Pernambuco mesmo com a escassez de recursos, as pessoas têm outras formas de consumir a sua cultura, o frevo arrebata a Veneza brasileira. E mais: os estrangeiros que nos visitam, são os primeiros a se encantar com as diversidades culturais, como um dos maiores patrimônios da cultura brasileira, o Parque da Capivara, no Piauí. Enfim, mesmo se apoiando num uso cada vez menor de um orçamento, essas riquezas tanto material como simbólica, é uma das em que podemos hoje nos dar ao luxo de representar o Brasil e de produzir cultura para o mundo.
Essa uma questão que envolve um grande desafio cultural. Por isso, não perderemos esta oportunidade de uma reflexão fundamental na gestão educacional, levando em conta os projetos de manifestações culturais desenvolvidos nas escolas tantos nas grandes cidades como nas pequenas localidades do interior. São pessoas que têm a consciência da importância da cultura para o seu desenvolvimento humano.
Projetos como a Feira Cultural, realizada pela Escola Raimundo Machado, na cidade pequena de Massapê, que oferece a crianças e adolescentes oportunidades de práticas de atividades culturais, com o tema: “É Possível a Educação Transformar a Sociedade”, sem a participação da prefeitura. Assim, como outras escolas em outros pontos do País. A Escola Raimundo Machado sabe que a cultura é a matéria-prima da educação.
Nessa situação democrática da cultura, a ausência do Estado é evidente. Ao que parece não é admitida, pelo próprio presidente da República, o liberal autoritário Bolsonaro. Como se sabe, nos seus discursos ideológicos não reconhece de que o investimento em cultura gera benefícios não apenas simbólicos como também econômico para a sociedade.
Enfim, nesta celebração cultural, a sociedade civil não pode perder a oportunidade de reagir com indignação às controvérsias ideológicas de retrocesso do governo atual, em torno da cultura. A política econômica no cenário cultural: de mal a pior, insiste em seu argumento autoritário sobre o orçamento na área da cultura, tal como fizeram os antigos senhores de escravos antes da lei áurea. Ou seja, nós estamos entre um mal e um mal maior. A única defesa aqui é que isso é um atentado à manifestação cultural, que o direito da cultural está sendo tolhido no Brasil.

Jornalista, Historiador e Critico Literário.

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