A ANTIÉTICA NAS POLÍTICAS POPULISTAS

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Poderíamos conceituar ética, palavra de origem grega, como a parte da filosofia prática que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral. Ou seja, os fundamentos da obrigação, e do dever de natureza do bem e do mal.
Diríamos que a ética funciona como uma espécie de emprego freudiano atingindo todas as pessoas que vivem em sociedade, notadamente as que agrupam em torno da atividade política.
E a ética na política no Brasil? É triste um país onde vemos um político em que acreditamos apertar a mão quando discursava a favor da moralidade política, logo, depois compactuar com um sistema político que sempre foi amigo visceral da antiética. É tão vergonhoso que até os partidos mais descaradamente esquerdistas, dos quais menos se esperava, fizeram acordo à beira das urnas, atropelando a trajetória ética, e abandonando a dignidade em aliança espúrias, na busca do poder a qualquer custo, destruindo o passado, enlameando o presente e comprometendo o futuro.
Que derrota veio disso? É fácil de entender: para promover uma mudança radical nas estruturas sociais, econômicas, políticas e culturais do país, formou-se uma política populista esquerdista, que tentou formular uma nova esquerda festiva burlando a esperança atiçada pelos movimentos da década de 60, empregando representação da igualdade. Fatos, mostraram ideologicamente, uma trajetória muito parecida com a socialdemocracia europeia com base operária, em seu substrato socialista, com um jogo democrático, passando atuar como reformadora do capitalismo neoliberal para melhorar a vida do proletário brasileiro.
Mas se deixou dominar pela postura rasa do imediatismo, sem questionar o novo modelo capitalista de consumismo doentio. Um mercado consumidor de massa. A própria noção de desenvolvimento econômico se filiou a esse espírito.
Isso tudo significava que o jogo político tinha mudado no Brasil. Mas o governo dessa esquerda pragmática, substituiu o termo neoliberal por neodesenvolvimentismo, que contava com a esquerda barulhenta no Congresso. Mas, logo, foi dividida por uma antiética, aprofundando o domínio do capital monopolista, não a tendendo mais as demandas fundamentais, como a reforma agrária e o limite de propriedade de terra.
E mais: caiu em desgraça, acobertando a corrupção do mensalão, se nivelando a uma política difusa. Ou seja, uma política populista, que deixa claro, que o populismo foi reprovado pelo próprio populismo.
Assim, são proclamadas verdades incontestáveis e, as funções engendradas pelos sistemas do dinheiro e do poder, sem a menor cerimônia, que a sociologia, tampouco conseguiu explicar a antiética populista.
Tal resposta está dentro da bola que foi estourada no colo de dona Dilma, uma selvageria política de corrupção de funcionários públicos, incluindo muitos renascentes dos governos anteriores, que, por puro oportunismo, aderiram aos maiores ratos do Congresso, oferecendo um prato cheio às manobras da mídia e às pressões externa e internas, e que serviu como introdução à complexidade de um impeachment, dando lugar, para outro capítulo de uma malfadada novela política populista.
Daí, nasce da extrema direita: outra pseudodemocracia, somada com um populismo autoritário, criando um teatro armado pela política neoliberal para iludir e criar a sensação, de que o Brasil seja uma país, de todos, sem violência e sem corrupção. Enfim, um hino do nacionalismo ao populismo.
Não foi à toa, que a calamitosa situação econômica e social entra em um novo patamar de campanha de redes sociais reforçando uma política populista na condução dos destinos políticos do País. O novo populismo expõe de forma muito clara a antiética, tem uma visão grotesca, a ponto de um presidente da República, como reincidente usar palavras pejorativas discriminatórias ao povo nordestino, agora a qualquer modo quer indicar um filho, que virou político apologia do nepotismo, para embaixada nos Estados Unidos.
A polêmica em torno dessa apologética imoral, sobre uma pessoa que não tem estatura política para uma embaixada de grande importância, há uma explanação política, com algum interesse. Ora, o tal debate, não pode prescindir da análise do quadro histórico internacional. Caso isso se confirme é porque a própria classe política abdicou do seu exercício por covardia, conivência ou interesses.
Parafraseando o corajoso jornalista Paulo Amorim, “é um modelo mafioso que triunfa no âmbito mediático Estatal”. A rigor, a própria noção de mudança se filia a esse espírito. Tem uma linha alienante que serve como luva para manter grande parte da população alheia as reais causas dos verdadeiros problemas políticos, jurídicos, econômicos e sociais.
Como se sabe, os discursos ministeriais atuais são todos de matriz neoliberal. Instaurou-se uma antiética ainda mais grave, onde à ascensão de aventureiros, como os Ministros do meio ambiente e de educação, são dos mais retrógados e violentos do xadrez do novo governo, a ponto querer formar um ambiente ideal para o aprofundamento do neoliberalismo e, tragicamente, para o fortalecimento do autoritarismo político.
O poder que esses atores representam do neoliberalismo, hoje, vem, de longe, basta lembrar que o Supremo Tribunal Federal, sempre foi submisso ao poder político historicamente dirigido pela política neoliberal de conchave. É só conhecer sua história. Essa submissão ainda existe, é o que nos deixou claro, o atual presidente do STF, Dias Toffoli, que julgou ser necessário, reprimir as investigações sobre as facções criminosas onde inclui um pedido do filho do presidente da República. Na verdade, isso, visa aniquilar a democracia, quando há claro impeditivo constitucional para tanto.
E agora? Neste cenário, que é formado pelo impressionismo jornalístico superficial e o empirismo acadêmico neoliberal incrustados no aparato da antiética na política populista. Será que o brasileiro ainda conseguirá ser otimista para lutar por uma justiça social no futuro? E que ela se concretize? A resposta está no pessimismo do senso comum. Basta um exemplo, quando aquela senhora foi avisada sobre o aumento das passagens do metrô, nos deixou claro sua alienação: “Ele roubava, mas era melhor”. Triste! Enfim, do alto de minha independência política, digo: o que agrado e desagrado é uma catástrofe moral.
Jornalista, Historiador e Crítico Literário.

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