Ir. Carminda Amélia Carvalho Alves, mrcj
Na sequência das narrativas sobre o Servo de Deus Joaquim Arnóbio de Andrade, hoje trazemos um pouco de sua passagem pela Paróquia Santana do Acaraú, cuja festa da padroeira se celebra neste mês de julho (26.07). A história nos é contada com detalhes de testemunha in situ, Tereza Zélia da Cunha, religiosa egressa das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus. Convido todos à leitura e ao conhecimento do sacerdote humano, orante, dedicado não só com a expansão do Reino, mas, sobretudo com a acolhida misericordiosa aos pobres e necessitados de seu tempo.

O VIGÁRIO DE SANTANA DO ACARAÚ
1950! A Paróquia de Santana do Acaraú, recebe Pe. Joaquim Arnóbio de Andrade, como oitavo vigário, desde a sua criação, no dia 29 de agosto de 1848, pela Assembléia Provincial, mediante a Lei nº 470, sendo desmembrada da Paróquia de Acaraú- CE.
Fato interessante é que Padre Arnóbio não queria assumir uma paróquia, o bispo diocesano da época, Dom José tupinambá da Frota, sabia disso e, mesmo assim, mandou-o para aquela Paróquia, à margem do Rio das Garças – Rio Acaraú, na linguagem indígena. Percebendo que Padre Arnóbio ficara triste com a nomeação e aceitara por obediência, falou para ele: “É só um ano, num instante passa”!
Então, ele foi assumir! Precisava ver a pontualidade. Às seis horas da manhã, um pouco antes até, já estava no altar rezando a oração do Angellus: “O anjo do Senhor anunciou a Maria, e ela concebeu do Espírito Santo”. No momento da homilia fazia uma catequese com o povo! As pessoas ficavam tão felizes que o chamavam de “cordeiro imaculado!”.
Depois da Santa Missa tinha o hábito de visitar a comunidade, principalmente os tuberculosos, na época a doença assolava a região e levando muita gente a óbito.
Além dessa assistência turbulenta, também apareceu uma mulher grávida precisando de assistência médica, naquele tempo não havia nenhum médico em Santana do Acaraú. Padre Arnóbio se preocupou tanto que arrumou uma canoa ou mais de uma, pois naquele ano (1950) o inverno foi muito pesado, inundando a cidade inteira, e ele precisava ir a Sobral em busca de um médico. Conseguiu levar dois médicos para acudir aquela mulher e, mesmo assim, ela e a criança vieram a falecer. Padre Arnóbio sofreu muito, pois seu coração de pastor, misericordioso, queria socorrer às dores e mazelas alheias. Todo o povo foi solidário e sofreu com ele.
Quando completou um ano em Santana do Acaraú, Dom José Tupinambá da Frota o chamou, tirou Padre Arnóbio do paroquiato. Foi muito choro de todos os paroquianos e também da parte dele. No momento, eu queria morrer de tanta saudade… Antes de voltar para Sobral, Padre Arnóbio foi à casa de todos nós!
Quando cheguei à Congregação, para fazer uma experiência vocacional, vieram também umas meninas de Morrinhos.
Dentro de poucos dias de nossa chegada à comunidade do Santo Antônio, Padre Arnóbio fez uma reunião com todas as aspirantes, e leu a Parábola da Figueira: “Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou. Disse ao viticultor: Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno”? Mas o viticultor respondeu: “Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. Talvez depois disso dê frutos. Caso contrário, mandarás cortá-la” (Lucas 13,6-9).
Depois da narrativa, Padre Arnóbio perguntou a todas nós: “O que vocês entenderam”? Ficamos caladas… Então ele explicou que devemos ser solidárias e amar o próximo, ajudando em tudo o que é possível.
Tereza Zélia da Cunha
(Ir. Altina – egressa das MRCJ)

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