A identidade mais profunda que constitui a Igreja de Cristo está, sem dúvida, em sua missão de ser sacramento do Reino de Deus. Ela está inserida no desígnio de Deus para a humanidade. Sua organização, estrutura, pastorais e ministérios devem estar essencialmente voltados a esta missão de tornar visível o reinado de Deus no mundo através do anúncio e do testemunho do Evangelho.
Impulsionada por esta missão, a Igreja designa o povo de Deus, que caminha nas estradas do mundo rumo ao Pai. Caminha como um povo de peregrinos. Mesmo na diversidade dos carismas e ministérios, o povo de Deus caminha em unidade. Neste sentido, a Igreja é, a um só tempo, una e diversa: “unidade na diversidade”. O Papa Francisco tem falado desse dinamismo próprio da Igreja como um dinamismo sinodal.
A palavra “sínodo” é muito antiga na história da Igreja. Designa assembleias eclesiais para tratar de questões doutrinais, litúrgicas, canônicas, pastorais. Já a palavra “sinodalidade” surgiu no contexto de renovação da Igreja, a partir do Concílio Vaticano II, e tem ganhado importância no magistério de Francisco.
Se a palavra “sínodo” indica um evento eclesial, a palavra “sinodalidade” indica um dinamismo eclesial. Esse dinamismo é um modo de ser Igreja expresso na própria palavra “sínodo”, que significa literalmente “caminhar juntos”. Desde o Concílio de Jerusalém, ainda na era apostólica (At 15,1-29), a Igreja vive a experiência sinodal. O trinômio – comunhão, participação e missão- estão presentes na vida da Igreja desde o início.
Por isso, o Papa Francisco tem provocado uma reforma missionário-sinodal. A Igreja se renova na missão (em saída para as periferias) em um dinamismo sinodal (comunhão e participação). Nesse processo todos os batizados são importantes. Todos juntos formam o povo de Deus peregrino e missionário pelos caminhos da história.
Cada membro da comunidade eclesial é ungido pelo Espírito Santo, dotado de um senso de fé e capacitado pela Palavra de Deus, tornando-se corresponsável pela missão evangelizadora. Isso imprime na Igreja um dinamismo sinodal que consiste em um “caminhar juntos”: no mesmo caminho (Jesus Cristo) e na mesma missão (anúncio do Reino).
Desse modo, a sinodalidade reconhece, valoriza e integra os vários carismas e ministérios existentes. Não anula as diferenças nem uniformiza tudo, pois a pluralidade enriquece e a uniformidade empobrece. Existe a unidade de uma missão comum inserida na diversidade dos dons. Todos formam uma comunidade de irmãos.
Assumir esse modo de ser Igreja é importante para que o mundo reconheça em cada cristão um testemunho profético de unidade, reconciliação, partilha, fraternidade, solidariedade. Valores tão escassos no mundo, mas que são constitutivos da dinâmica sinodal dos seguidores de Jesus. É preciso caminhar juntos, em comunidade, na certeza de que o Mestre caminha à frente, apontando os rumos de uma humanidade em que todos estejam mais unidos a Deus e aos seus semelhantes.

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