A Igreja perante o mundo atual
Não é novidade para ninguém que a humanidade está em um tempo novo. São inúmeras as mudanças e revoluções tecnológicas, acompanhadas também de desafios e problemas a serem resolvidos. Diante de tantas crises, surgem novas exigências para a Igreja, chamada a interpretar os sinais dos tempos sem abandonar aquilo que compõem a sua identidade.
A mensagem do Evangelho é sempre antiga e sempre nova. O desafio é atualizá-la à luz da modernidade sem descaracterizá-la ou torná-la menos exigente. Já que o mundo está se tornando plural, a Igreja de Cristo deve permanecer fiel ao seu divino Fundador, enfrentando o martírio da ridicularização e tornando-se, muitas vezes, inconveniente para a maioria.
Isso foi muito bem compreendido pelo Papa João XXIII ao convocar o Concílio Vaticano II, entendendo que a Igreja não deve permanecer, e nunca permaneceu, inerte aos acontecimentos do mundo. Tanto ontem como hoje, a Igreja ergue sua voz profética, marcando a coerência da própria fé, sofrendo perseguições e revelando o heroísmo de muitos cristãos.
Não se pode construir uma ordem temporal prescindindo-se de Deus. A sociedade moderna caracteriza-se por um grande progresso material ao qual não corresponde igual progresso no campo moral. Por isso, devemos trazer sempre as forças vivificantes e renovadoras do Evangelho.
É consolador perceber que, ao passo que o mundo aparece profundamente mudado, a comunidade cristã também ficou em grande parte renovada e transformada e em momento algum deixou de ser aquilo que ela é. Nunca abandonou o seu apostolado.
Tal fato foi definido pelo Papa João XXIII, ao convocar o concílio, de um duplo espetáculo: “um mundo que revela um grave estado de indigência espiritual, e a Igreja de Cristo, tão vibrante de vitalidade”. É o próprio Cristo que constantemente injeta sangue novo nas veias de sua Igreja.
Portanto, a Igreja, dialogando com a humanidade atual, permanece a mesma, santificando o mundo e consolidando suas estruturas. As Sagradas Escrituras, a santa Tradição e o venerado Magistério continuam a enriquecer a fé e a doutrina católicas. Bendita seja esta missão: antiga, jovial e eterna!