A LÍNGUA PORTUGUESA E O ESCRITOR BRASILEIRO

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Um País em busca de uma outra história, uma nova história da língua portuguesa, no novo mundo, que possavalorizar como expressão genuína de vitalidade cultural,essa “Última flor do Lácio, inculta e bela” na definição do poeta Olavo Bilac.
Como se sabe, a históriado acordo ortográfico da língua portuguesa,com os países que são usuários naturais do idioma. Juntos, lutam para conseguirem, oque ela seja desenvolvida no campo da literatura. Masé preciso dizer que a língua portuguesa, ainda está longe,para sua leitura no novo mundo. Tal situaçãoremota, como é sabido, em 1911, ano que foi adaptada em Portugal a primeira grande reforma ortográfica, mas que não foi extensiva ao Brasil.
Por iniciativa da Academia Brasileira de Letras, em consonância com a Academia das Ciências de Lisboa, com o objetivo de se minimizarem os inconvenientes desta situação, foi aprovado em 1931 o primeiro acordo ortográfico entre Portugal e o Brasil.Mas este acordo não produziu nada.
E é neste contexto que acontece o primeiro encontro do Rio de Janeiro, em 1986, pela primeira vez na história da língua portuguesa, se reuniram representates de Portugal, do Brasil e dos cincos novos países africanos lusófonos emergidos da descolonização portuguesa, ficou, porém, inviabilizado pela reação polêmica, sobretudo de Portugal.
Para se compreender a reviravolta brusca dessa luta, realizou-se em Lisboa o primeiro congresso de Escritores Internacional de Língua Portuguesa. Neste encontro, um dos assuntos tratados foi a criação do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, ideia sugerida pelo então vitalício presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, tendo como base um documento elaborado pelo um dos maiores filólogos brasileiros, Antônio Houaiss.
Mas não foi só isso. Como dizia Josué Montello: “Meninos, eu vi; podem dizer que vi”. Enfim, oBrasil viu;ser aprovado o último Acordo Ortográfico Internacional da Língua Portuguesa. Foi, de fato, um acontecimento histórico. E dado o peso detodos os países da língua portuguesa e das personalidades linguísticas que lá se encontraram, foi um encontro que teve um alcance mundial.
E aí, está a língua portuguesa e o escritor brasileiro seconfrontando com o que Eça de Queiroz, denominou um dia, “Línguas das três nações pensantes do velho mundo: Inglaterra, França e Alemanha”. É esseum permanente confronto, em relação à Língua Portuguesa.
Como se sabe, o escritor brasileiro luta pela sua tradução no campo da literatura, no novo mundo, que está vivendo uma nova figura linguística; a língua transnacional, com os grandes progressos tecnológicos, como as transmissões via satélite, a recepçãoinstantânea de som e imagem, que fazemo mundo global.
Neste amplo, sentido do mundo global, falha, no discurso literário na língua portuguesa. Esse discurso chama-se discurso irônico, aquilo que o progresso capitalista inventou para não enlouquecer, e para ser capaz de conviver consigo mesmo. A ironia é a linguagem máxima do novo mundo: a literatura brasileiraé pouca traduzida. Isso tem sido considerado como alargamento prejudicial para a literatura mundial.
Pergunta-se quantos escritores brasileiros já foram traduzidos numa Europa unificada? São poucos, receia que o escritor brasileiro acabe reduzido a um dialeto de continente. O mais frisante exemplo é o inglês, na fatia ocidental. Ouve-se o inglês até na forma escrita em livro.
Eis aí o espaço da política cultural que poderia ser ocupado pela língua pátria.Não se trata de jacobinismo, mas da preservação de uma identidade que os séculos forjaram. Como bem disse um dia Fernando Pessoa: “A minha pátria é a língua portuguesa”.
Pois quem conhece a língua portuguesa, está ciente de queo escritor brasileiro, tem uma extensa base literária. E possui também um contingente de personagens.Masainda o Brasil, não tem até hoje o Nobel de Literatura, por questão contraditória,há muitos escritores brasileiros quesão traduzidos e, que merecem o prêmio.

Essa é uma questão que envolve muito debates,de tradutores de outraslínguas edo sistema editorial brasileiro. É preciso dizer que o sistema editorial no Brasil, ainda é dependente de uma mídia capitalista. Assim depende de nomes privilegiados, sem tomar a sério o que se conhece de literatura no Brasil. Claro, pode-se dizer quehá sempre uma pergunta no ar: “eaí?” e “então?” Depois de Paulo Coelho, “quem” é o próximo?”.
As editoras brasileiras se limitam a isso. Mas, os meios de divulgações têm certo medo de dizer isto, mesmo que pensa assim. Além disso, você pode dizer e isso é mais grave, porque os bons literatos brasileiros, andam de pires na mão, pedindo para ser traduzidos.
Para compreender o quadro da condição de se traduzir um escritor brasileiro, lembremos apenas de um, Jorge Amado, viajou muito para ser reconhecido no mundo. Considerando-se que Jorge Amado já era tido como escritor de sucesso no Brasil.
Eis aí, uma das razões que o futuro da nossa literatura para ser traduzida, em todo mundo, depende, de certo modo, dessa intercomunicação. É neste contexto que o acordo ortográfico de língua portuguesa seprocessa na essência existencial,para ser desenvolvidano campo da literatura.
A propósito, citamos Hegel, há quasetrês séculos, quando um editor da França disse a Hegel que queria publicar uma tradição de sua obra então recém aparecida. “Fenomenologia do espírito”, mas queria que ele fizesse um resumo dela, a resposta foi duplamente negativa. Primeiro disse ele, ali estava a essência do seu pensamento, o sumo mais rigoroso, o resumo de suas ideias sobre o tema. Segundo a língua francesa ainda não estava suficientemente desenvolvida, no campo da filosofia, para poder traduzir a sua obra.
É isto que define a injustiçada tradução da língua portuguesa, no campo da literatura brasileira,no novo mundo. É preciso que se processe um amplo movimento, com uma política cultural, que possa trabalhar sobre a pegada literáriapara que ela sejaconhecidaem todo globo e, por conseguinte o escritor brasileiro, que possa ser um Nobel, inclusive os lusófonos da língua portuguesa.
Jornalista, Historiador e Crítico literário

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