Neste domingo, a Igreja celebra a grande solenidade de Pentecostes, recordando, assim, a efusão do Espírito Santo sobre a Igreja primitiva, em Jerusalém, cinquenta dias após a Páscoa.
É no livro dos Atos dos Apóstolos que São Lucas descreve os primeiros raios da aurora da Igreja. O sopro do Espírito de Deus abateu-se sobre os discípulos reunidos com a Virgem Maria e, enchendo a casa onde eles estavam, veio arder em seus corações. A Igreja nascia! Sob o impulso do Espírito Santo e a terna assistência da Mãe de Deus.
A partir disso, os discípulos, que estavam com as portas fechadas, não sentiam mais medo daqueles que perseguiram e condenaram Jesus. Eles ficaram repletos de uma força e de uma alegria sobrenaturais, encheram-se de vigor e, daquele dia em diante, o anúncio do Evangelho seria sua meta. E para sempre este seria o ideal da Igreja.
Formamos uma Igreja com dois milênios de caminhada que, entre altos e baixos, erros e acertos, pecados e virtudes, é conduzida pela sabedoria suprema do Espírito Santo. É um vento impetuoso e sereno, que sopra onde quer. Uma força misteriosa que age secretamente no mundo e nos corações.
Diante dos desafios do mundo, nós que somos Igreja, precisamos de sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. São os dons do Espírito Santo, que formam os grandes homens e as grandes mulheres do nosso tempo. São os cristãos intrépidos, capazes de fazer frente às insídias das múltiplas culturas de morte e não se acorrentam nas estruturas de pecado que oprimem a sociedade dos dias atuais.
Tudo isso é consequência da ação do Divino Espírito. O mesmo que vivificou a Igreja nascente e a conduziu pelos séculos. Somente sua ação explica a exultante audácia dos homens de bem, a irresistível dinâmica dos mártires e apóstolos de Deus, a transbordante alegria dos grandes arautos do Reino de Deus na terra.
O mesmo dom que vivificou a Igreja é capaz de unificar os cristãos. Na semana que antecede Pentecostes, celebra-se a semana de oração pela unidade dos cristãos. Jesus suplicou ao Pai que todos sejamos um. Mesmo em nossas diferenças, é preciso que sejamos unidos e construamos pontes de união entre os credos, as culturas e as nações. O papa Francisco certa vez comparou a esfera e o poliedro. Enquanto a esfera é igual em todas as partes, o poliedro, embora com forma semelhante, é composto de muitas faces. A humanidade deve ser como o poliedro, que exprime as muitas faces de uma mesma composição. É a pluralidade que enriquece e forma a única família dos cristãos.
Dom Henrique Soares (in memoriam), certa vez, escreveu em um de seus artigos: “ O Espírito Santo vivifica, suscita, orienta, sustenta… não nos pede licença, não nos consulta: é soberano! Eleva, rebaixa, exalta, humilha… tudo para nos conduzir a Cristo, tudo para o bem da Igreja, tudo para que o mundo reconheça em Jesus o único Salvador, enviado pelo Pai para toda a humanidade.”
Portanto, neste dia de Pentecostes, desça sobre nós esta Divina Luz, e se acenda em nossas almas o amor de Jesus. Renovada seja a face da terra, transformados sejam os corações dos homens!

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