A Quaresma e a prática da caridade

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Dentro das práticas quaresmais, a Igreja nos chama à caridade como um dos meios da penitência cristã. Tal aspecto ocupa um lugar especial na espiritualidade da Quaresma e nos une aos irmãos nos gestos concretos de amor.
Desse modo, somos chamados a abrir as mãos e o coração, tendo como maior modelo de caridade o próprio Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem. Eis o tempo favorável de acolhermos os outros como a nós mesmos, por amor a Deus, sem reservas e com o coração. A oração e as mortificações devem estar enraizadas na prática da caridade.
Assim, a melhor forma de preparar-se para a festa da Páscoa está na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e nos ajuda no desapego ao supérfluo com a prática da esmola. Por isso, São Pedro pediu à comunidade cristã: “Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre uma multidão dos pecados”(1Pd4,8).
De fato, um cristão impulsionado pela caridade em seu coração é grande diante de Deus, além de viver com intensidade a conversão quaresmal. É alguém aberto a esse grande dom da eternidade e que não se fecha no egoísmo, mas corresponde ao amor eterno com que Deus nos amou.
A Igreja nos ensina que são três as virtudes teologais: fé, esperança e caridade, mas a maior delas é a caridade. Nesse sentido, além de orar contemplando a Cruz, devemos, neste tempo, olhar ao redor e contemplar a figura de Cristo em todos os irmãos, principalmente nos que sofrem e são marginalizados. É missão de todo povo cristão fecundar o mundo com amor-caridade.
Porém, que não seja como a caridade dos fariseus do tempo de Jesus, que davam esmolas para serem vistos pelos homens, mas a caridade sincera de quem não busca as recompensas e reconhecimentos deste mundo. Ela se dá na concretude da vida, longe das mídias e holofotes, como uma força que fermenta o amor no silêncio.
É a força que distingue o discípulo de Jesus dos outros homens, como um farol que ilumina e escuridão. É a sensibilidade de ouvir a voz do Mestre que disse: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.”(Jo15,12). Portanto, que a nossa espiritualidade quaresmal seja engrandecida pelas obras de caridade, para que, assim como Jesus, sejamos promotores do direito, da justiça e da vida. Na Quaresma devemos fazer orações, jejuns e sacrifícios, mas não podemos esquecer da caridade como caminho seguro que conduz à conversão e à transformação dos corações.

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