A Saudade em Questão

Saudade são lembranças afetuosas a pessoas ausentes quer que esteja longe da gente ou que já não esteja mais aqui na Terra. São sentimentos causados pela falta, perda ou lembrança de alguém ou algo.
Podemos ter saudade da nossa infância quando brincávamos com os amigos nas calçadas, tomando banho de chuva nas ruas, brincando de Boca de Fogo, dos Quatro Cantos, de Bila ou Bojo, de Peão, do Bate, de Esconde-Esconde e até mesmo saudade do recreio das aulas na escola.
Na adolescência temos saudade das quermesses, dos leilões da padroeira, de uma namorada, da brincadeira “Meu Lado Esquerdo Está Desocupado”, das primeiras danças, do primeiro abraço, do primeiro beijo, etc.. Estas são saudades que não dá pra chorar, são lembranças maravilhosas que temos o prazer de recordar. Como diz o ditado popular, lembrando de um programa musical que eu tinha na Rádio Universitária da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA: “Recordar é Viver”. Só música da Velha Guarda e da Jovem Guarda. Dos anos 1940 a 1980.
A portuguesa Marine Antunes tem uma saudade diferente: “Se, por um lado, não sou muito saudosista com o meu passado – nunca acho que fui mais feliz ontem porque acredito sempre que “agora é que é bom” – as saudades aparecem-me no presente. Achas estranho? Talvez seja. Sinto saudades hoje, de hoje, sobre hoje. Se hoje estou com as pessoas, lembro-me que amanhã não estarei e já sinto saudades delas. Que coisa é esta de se ter saudades quando não há ausência? Saudade não significa falta? Como é que se tem saudades de quem está conosco? Sinto esta saudade várias vezes. Esta é a minha maior saudade”.
Todavia, a saudade de quando se perde um grande amor é bem diferente. É uma saudade muito dolorosa, que às vezes ficamos um bom tempo recordando e chorando. Um choro de tristeza, de melancolia, às vezes até desesperador. Mas, a seguir, Divaldo Franco nos dá uma lição de quando perdemos um ente querido, principalmente de uma mãe que perde um filho.
“Se o seu choro é fruto da saudade de uma mãe que sente a ausência física do filho, eu digo aos meus amigos, se quando eu morrer ninguém chorar eu digo: Meu Deus, eu era uma peste, todo mundo ficou contente!
O chorar ou sentir saudade são expressões da nossa ternura, da nossa afetividade e da nossa emoção. O que não devemos fazer é reclamar, investir contra a divindade, procurar falar que é injusto, compreendendo que em cada segundo morrem 7.000 pessoas.
Um dia tem de ser uma pessoa da nossa família, porque se morrerem todos menos a nossa família, já imaginou que desastre? Ficar num planeta inteiro nós e a família? Então chore. Sentiu saudade, emocione-se e diga docemente: meu filho, Deus lhe concedeu uma morte tão cruel e tão libertadora, porque a vítima sempre é amparada por Deus.
Estou com saudade, não repare. Mas eu vou fazer o bem em sua homenagem, meu filho, eu vou transformar as minhas lágrimas em pérolas de conforto. Aqueles que sofrem em sua homenagem meu filho, receberá não só o pensamento de alegria pelo bem que você me pode fazer.
Como ficará aliviada de saber que você não sofre mais na medida do possível. Quando vierem as lágrimas lembre-se de que o seu amor de mãe pode repartir em homenagem a ele, palavra de conforto a quem esteja sofrendo mais do que você, e assim o bem suplanta o mal. O amor anula os nossos erros”. (Divaldo Franco).
É isso caro leitor. Na morte de um ente querido nosso, podemos chorar, no entanto, compreender que aquele que nos deixou é amparado por Deus.
Prof. Salmito Campos – (jornalista e radialista).



