A Vida dos Moradores de Rua em Sobral

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Conversando com alguns moradores de rua em Sobral. Direto ao assunto.
Carlos Roberto do Nascimento, conhecido por Michael, 26, filho de Maria Lúcia do Nascimento de Albuquerque, mora a 10 anos nas ruas de Sobral. Pintor, servente, soldador e foi morar na rua porque achava que era bom. Não lembra até que ano estudou. Hoje, é viciado nas drogas e dorme escondido com medo de ser morto.
Ana Nárgila Costa Madeira, 25, mora a um ano nas ruas pastorando carros, porque seu companheiro foi preso. Das três filhas, deu duas e uma de 12 anos mora com a avó (separada) no Campo dos Velhos. Sua mãe Maria José Costa, (Mazé), ainda sustenta mais dois filhos. Ana estudou até o 8º. Ano na Escola Mons. Aloísio Pinto, onde aprendeu a dançar e desenhar. Recebe almoço às vezes de uma senhora do SAAE. Sua renda, de R$ 60,00 por semana, dá para comprar refeições de R$ 7,00 a R$ 12,00. Dorme na Praça do Bosque. Felizmente, antes de publicar esse artigo, vi sua mãe, Mazé, levando-a para morar com ela. Nárgila, continua pastorando carro, mas vai para a casa da mãe toda noite.
Isabela (transexual) ou simplesmente Bela de Sobral saiu de casa porque o pai nunca a aceitou. Foi para Camocim, onde não foi bem aceita. Está morando aqui a uma semana. É cantora, compositora. Se diz uma artista e quer mostrar seu potencial. Canta na Praça da Meruoca, digo, de Cuba e faz show também na calçada do Restaurante Popular. Adora Sobral. Tem como amiga, Cíntia Samara Soares, 35, mora na rua a três anos. Depois que sua mãe morreu, escolheu morar na rua como opção de vida porque gosta. Sem renda, as duas se alimentam no Centro Pop de Sobral. Falarei sobre isso noutro artigo.
Os amigos a seguir: Francisco das Chagas, 40, de Ubajara, é morador a 10 anos, depois que os pais morreram. Trabalhou na Fábrica de Cimento e hoje não tem emprego; Francisco de Assis, 27, de Ibiapina, morador a um ano por problemas familiares, tem ensino fundamental completo e não tem emprego; Antônio Rodrigues, 44, de Tianguá, tem a 4ª. Série, morador a um ano por problemas familiares. Tem emprego como descarregador de carro no mercado, tem casa aqui, mas o cunhado não deixa ele morar com a irmã apesar da casa ser dela; Eliabe Ricardo, 31 anos, depois que seu pai matou sua mãe e suicidou-se, resolveu morar na rua a 14 anos. Tem ensino médio, mas não tem emprego. Esses amigos se tornaram uma família unida. Quando estava fazendo essa entrevista, a Sra. Jackeline Crispim entregou duas quentinhas para eles, que disseram: não se preocupe, aqui, nós dividimos tudo.
(Por Salmito Campos – salmitocamposs@gmail.com).

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