A Campanha da Fraternidade (CF) deste ano, conforme já temos visto nas últimas edições deste editorial, faz um convite à vivência da conversão a partir da fraternidade e da amizade social. O objetivo é superar os conflitos que têm gerado inúmeras divisões em nossa sociedade. Para isso é necessário ver a realidade, iluminá-la com a Palavra de Deus, para, enfim, propor ações comuns.
“É acima de tudo a ação e não apenas o argumento que rompe as bolhas, tão características dos nossos tempos. É hora de agir juntos! Propor e realizar ações com aqueles que são diferentes de nós, às vezes até nossos opositores” (Texto-base da CF, n. 123). Nesse sentido, motivada pela passagem de Is 54,2-4, a Igreja faz-nos um convite: “Alarga o espaço da tua tenda” (Is 54, 2).
Esse convite deve ser acolhido como uma forma de promover o acolhimento de outras pessoas que estão fora dos nossos grupos. É promover a inclusão, dar espaço à diversidade. É fazer da Igreja uma casa de portas abertas: uma morada ampla, mas não homogênea, capaz de dar abrigo a todos. Como dizia Dom Hélder Câmara: “unidade não quer dizer uniformidade”.
Diante das várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, a Igreja deve oferecer ao mundo um testemunho de unidade. É preciso vivenciar sempre mais a experiência da fraternidade, da amizade, da comunhão de pessoas que pensam diferente, rezam diferente, possuem competências e carismas diferentes, mas que sabem formar comunidade e sabem ser Igreja.
“Quando a fraternidade se torna valor nas culturas, quando uma sociedade, valorizando por certo as diferenças, estabelece e mantém processos, mecanismos e instrumentos de unidade, comunhão e fraternidade, podemos então dizer que estamos em um ambiente de amizade social” (Texto-base CF 2024, n. 126). Isso se constrói por ações a nível pessoal, eclesial e social. A CF sugere diversas ações nesses três níveis.
A nível pessoal, se pode promover a cultura do encontro, olhar cada pessoa com amor, abrir-se à diversidade, dialogar com o diferente, celebrar as conquistas e vitórias do outro. A nível eclesial, é necessário empreender a conversão pastoral, investir na espiritualidade de comunhão, lutar pela igualdade de oportunidades para todos, educar para o bom uso das redes sociais e ser presença de fraternidade e reconciliação nas escolas e em outros ambientes educativos.
A nível social, a CF sugere: valorizar o voluntariado e serviços comunitários, promover a democracia, a paz e a dignidade da pessoa humana, promover as instituições que promovem a cultura da paz, através do esporte, lazer, cultura e educação, além de fomentar movimentos que cuidam dos pobres, excluídos e marginalizados de nossa sociedade.
A partir de todas essas reflexões que temos feito nas últimas edições, é importante encontrar oportunidades para propor a reflexão da CF 2024, não só na Igreja, mas também em outros espaços de convivência social. Contra a doença da alterofobia, a Igreja nos propõe como remédio a fraternidade e a amizade. É necessário construir o novo mundo possível, sabendo que todos, apesar das diferenças, são encaixes de comunhão e de diálogo.

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