Ary Albuquerque

A VACARIA

Amigos inseparáveis. Diariamente, faziam juntos o Cooper na praia. Após a caminhada davam um mergulho para amenizar o calor. Depois, sentavam-se e ficavam espiando os frequentadores retardatários. Cada transeunte merecia um comentário. Na maioria das vezes, jocoso. Demoravam-se no máximo até as onze horas. Tinham o pressentimento que o sol depois dessa hora não fazia bem a saúde.
Hebster era aposentado do Banco do Brasil e dispunha de uma renda razoável. Edgar, professor universitário, também, inativo, vivia bem. Ambos casados, sem filhos. Sócios em uma vacaria que funcionava no sítio do Edgar. Toda produção leiteira vendiam nos arredores da própria vacaria. Quem morava naquela área possuía menor poder aquisitivo e tinha o hábito de beber leite in natura.
Edgar  não possuía escrúpulos e para aumentar o lucro “batizava” o leite com água. Hebster não acatava aquela maneira desrespeitosa do parceiro, mas, para não brigar, fechava os olhos. O desvio da personalidade do sócio talvez estivesse ligado ao fato do pai o ter obrigado a ser professor em vez de comerciante como desejava.
O sol estava escaldante. O mar de uma cor verde-escura quebrava as ondas mansas na beira da praia.
Edgar, com sua ganância desmedida, desejoso de abraçar o mundo com os braços longos, fixou o horizonte e calculou mentalmente o volume cúbico das águas que possuía á frente. Meneou a cabeça, mirou o companheiro e arregalando os olhos disparou sem rodeios:
– Heim, compadre: se a praia desse para a vacaria e esse marzão fosse todo leite, nós estaríamos riquíssimos, não?
Herbster não se admirou do pensamento do amigo, pois, já, o conhecia desde a infância e sabia sobejamente seus desejos e atitudes.

Apenas replicou calmamente:
– Não prestava não, Edgar…
-Não prestava não, por que, Hebster?
E reconhecendo a desmesurada propositura do sócio sentenciou:
– Onde Edgar, diga-me, onde, por favor, você encontraria tanta água para misturar nesse leite?
Antes mesmo que houvesse qualquer réplica, Hebster, levantou-se e despediu-se com um até amanhã seco e irreverente, deixando Edgar atônito…

Amigos inseparáveis. Diariamente, faziam juntos o Cooper na praia. Após a caminhada davam um mergulho para amenizar o calor. Depois, sentavam-se e ficavam espiando os frequentadores retardatários. Cada transeunte merecia um comentário. Na maioria das vezes, jocoso. Demoravam-se no máximo até as onze horas. Tinham o pressentimento que o sol depois dessa hora não fazia bem a saúde.
Hebster era aposentado do Banco do Brasil e dispunha de uma renda razoável. Edgar, professor universitário, também, inativo, vivia bem. Ambos casados, sem filhos. Sócios em uma vacaria que funcionava no sítio do Edgar. Toda produção leiteira vendiam nos arredores da própria vacaria. Quem morava naquela área possuía menor poder aquisitivo e tinha o hábito de beber leite in natura.
Edgar  não possuía escrúpulos e para aumentar o lucro “batizava” o leite com água. Hebster não acatava aquela maneira desrespeitosa do parceiro, mas, para não brigar, fechava os olhos. O desvio da personalidade do sócio talvez estivesse ligado ao fato do pai o ter obrigado a ser professor em vez de comerciante como desejava.
O sol estava escaldante. O mar de uma cor verde-escura quebrava as ondas mansas na beira da praia.
Edgar, com sua ganância desmedida, desejoso de abraçar o mundo com os braços longos, fixou o horizonte e calculou mentalmente o volume cúbico das águas que possuía á frente. Meneou a cabeça, mirou o companheiro e arregalando os olhos disparou sem rodeios:
– Heim, compadre: se a praia desse para a vacaria e esse marzão fosse todo leite, nós estaríamos riquíssimos, não?
Herbster não se admirou do pensamento do amigo, pois, já, o conhecia desde a infância e sabia sobejamente seus desejos e atitudes.

Apenas replicou calmamente:
– Não prestava não, Edgar…
-Não prestava não, por que, Hebster?
E reconhecendo a desmesurada propositura do sócio sentenciou:
– Onde Edgar, diga-me, onde, por favor, você encontraria tanta água para misturar nesse leite?
Antes mesmo que houvesse qualquer réplica, Hebster, levantou-se e despediu-se com um até amanhã seco e irreverente, deixando Edgar atônito…

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