As hodiernas dificuldades de se estudar o cangaço

Por Lucas Monteiro
Barbosa.
Atualmente, o estudo sobre o fenômeno do cangaço e mais particularmente sobre Lampião tem tido peculiares dificuldades . Talvez as mais desafiadoras de todos os tempos. O principal fator para tais obstáculos são as inverdades facilmente propaladas pela Internet. Como vivemos em uma geração pouco habituada com a leitura, muitas pessoas, adaptadas às facilidades da informática, preferem se basear em vídeos curtos. E a facilidade com a qual se pode se expressar em âmbito virtual faz com que muitos, mesmo sem experiência alguma, possam propalar desinformações.
Não há como negar que as pesquisas bibliográficas e de campo são salutares a qualquer pesquisador. Melhor dizendo, são obrigatórias. Na vasta literatura sobre Lampião e o cangaço há várias obras definitivamente confiáveis. Elas se fizeram sobre o árduo trabalho de seus autores. Estes passaram por uma espécie de peneira bibliográfica, pois nem tudo o que se escreveu sobre o tema pode ser levado a sério. Contudo, lamentavelmente, as desinformações sobre, principalmente, Lampião têm se tornado mais latentes e influenciado um súcia de seguidores fiéis. Não falarei, todavia, sobre os que já não têm credibilidade alguma. Mais fecundo é falar de quem verdadeiramente contribuiu e continua contribuindo para a propagação da imparcial verdade.
A bibliografia do cangaço é extensa, mas seleta é a lista dos que mais intensamente trabalharam o tema. Alguns nomes são mais básicos que outros nas estantes de quem quer conhecer o cangaço. Isso se dá por um fator ímpar. Apesar do fascínio que o tema gera e envoltos por uma influência cultural que tem Lampião como um de seus símbolos, é vital que nenhum historiador seja parcial. E, apesar, sobretudo, de tudo o que fizera Lampião, um historiador não pode nem ser apologeta, nem difamador no trato para com a história. Quando isso acontece, toda uma pesquisa se abala. Seja ratificado: a imparcialidade é imprescindível.
Com isso, já teríamos meio caminho percorrido rumo ao mais próximo da verdade. A outra parte do caminho se dá num efetivo desbravamento entre os sertões e entre a bibliografia nos legada por pesquisas anteriores. Foi justamente isso que os principais historiadores primaram e fizeram .
Nomes como o de Antônio Amaury ( de saudosa memória), Frederico Pernambucano, Ângelo Osmiro, João de Sousa Lima, Robério Santos e etc., se empenharam em favor da verdade. Dedicaram toda uma vida a fim de descobrir e propagar as ricas informações sobre um dos temas mais emblemáticos da nossa história. A esses e tantos outros nomes, deve-se a mais digna vênia por parte da nova geração de brasileiros que, ao menos, ao nosso entender, está ávida pelo conhecimento. Só lhe falta uma formação mais adequada de como chegar a tal conhecimento, cujas características já apontamos. Só assim, proficuamente, um povo conhecerá e respeitará sua própria história.



