Ao longo desta última semana, o mundo acompanhou as cerimônias de despedida do Papa Emérito Bento XVI. Ele que governou a Igreja por quase oito anos, deixou como legado uma vasta produção teológica, sendo considerado um dos maiores teólogos dos últimos tempos. Em 2013, sua renúncia transformou-se em símbolo de humildade para um líder da Igreja Católica.
E foi com humildade que ele iniciou e terminou seu pontificado. Por ocasião de sua eleição, em 2005, ele referiu-se a si mesmo como um humilde trabalhador da vinha do Senhor. Afirmava isso, alguém que já havia doado a vida em prol da Igreja com seu ministério, com seu estudo teológico e com seu serviço litúrgico e pastoral.
Um de seus grandes legados foram as reflexões desenvolvidas, buscando dar as razões da fé em Jesus Cristo. No seguimento do Mestre e no sentido existencial do Homem, a fé a e a razão são dois elementos imprescindíveis. Foi um incansável defensor da fé cristã diante daquilo que ele chamava de ditadura do relativismo.
Uma outra grande marca de suas pregações foi a definição profunda do que é a fé cristã. Para ele, professar a fé em Jesus Cristo não se reduz a um sistema filosófico, a um conjunto de ideias ou a uma lista de normas morais. A fé cristã nasce do encontro com uma Pessoa. Só assim a fé pode atingir todas as dimensões da vida de alguém, a partir de um encontro.
Como teólogo, Ratzinger exerceu grande influência nas decisões do Concílio Vaticano II. Como cardeal, esteve sempre ao lado do Papa João Paulo II, exercendo o cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano. Ele também coordenou a comissão de trabalhos para a elaboração do Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1992.
Na elaboração de seus documentos como Sucessor de Pedro, Bento XVI abordou o amor e a esperança como temas relevantes para a vida cristã. Em 2007, no Brasil, por ocasião da Conferência de Aparecida, exaltou a religiosidade popular como expressão da síntese entre fé cristã e cultura, nos povos da América Latina.
O homem que dedicou a vida ao diálogo, ao magistério e aos debates teológicos, viveu seus últimos dez anos no silêncio, dando um grande testemunho de fé, oração e contemplação. Papa Francisco sempre destacou a grande contribuição espiritual que o Papa Emérito ofereceu à Igreja nos últimos anos. Certamente, seu legado há de permanecer vivo na Igreja como resultado de toda uma vida doada no serviço a Deus.
Bento, abençoado, bendito, na eternidade, junto a Deus!

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