Bispos da Ásia: desafiados pelas vozes do Continente que pedem ajuda e justiça
A Conferência Geral da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, iniciada em 12 de outubro em Bangcoc, foi concluída com uma Mensagem final dando voz aos “sofrimentos dos pobres, indigentes e marginalizados”, assim como à “angústia dos refugiados” e ao “gemido da natureza”. Missa conclusiva do cardeal Tagle: “Caminhemos como Jesus em direção à misericórdia e compaixão, não condenação e destruição”
“Desafiados” pelas vozes dos pobres, da terra, das mulheres, dos jovens e das famílias em dificuldade, os mais de 200 bispos reunidos em Bangcoc, na Tailândia, concluíram os trabalhos da Conferência Geral da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC). O encontro, iniciado em 12 de outubro próximo passado – e que contou com a presença não só de bispos e cardeais asiáticos, mas também dos Sínodos das Igrejas católicas siro-malabar e siro-malancar – terminou no domingo 30 de outubro com uma Missa e a publicação de uma mensagem delineando “novos caminhos” para o ministério pastoral na região.
A voz dos marginalizados
No texto, assinado pelos cardeais Charles Bo, Oswald Gracias e Francis Xavier Kriengsak Kovithavanij, juntamente com o arcebispo Tarcisio Isao Kikuchi, secretário geral da FABC, é enfatizado que durante a conferência “fomos desafiados pelas diferentes vozes de nosso multiforme continente que ouvimos clamando por ajuda e justiça”. Sobretudo, o documento dá voz e atenção aos “sofrimentos dos pobres, dos indigentes e dos marginalizados”, à “angústia dos refugiados, dos migrantes, dos deslocados e dos povos indígenas”, ao “gemido da natureza”, ao “sonho” dos jovens marginalizados, às “vozes das mulheres apelando por uma Igreja mais inclusiva” e ao “anseio das famílias em busca de melhor estabilidade”.
O sofrimento das Igrejas em algumas partes do continente, assim como o crescente extremismo, a necessidade de maior respeito pela vida, a escalada da violência e dos conflitos e o impacto da revolução digital – tanto positivo quanto negativo – também são motivos de preocupação.
O caminho a seguir
“Inspirada pelo Evangelho e pelos recentes ensinamentos do Papa Francisco”, a mensagem final da FABC aponta para uma série de “novos caminhos para o ministério” baseados em “escuta autêntica e autêntico discernimento”. Estes caminhos incluem um compromisso a “alcançar as periferias”, a uma “conversão pastoral e ecológica” para responder ao “grito da terra e ao grito dos pobres”, a um “diálogo genuíno”, inclusive com outras religiões, e a um “compromisso de princípios” com governos, as ONGs e as organizações cívicas sobre questões de interesse comum.
A Missa de encerramento foi celebrada pelo cardeal Luis Antonio Tagle, que já havia falado nas reuniões dias atrás. Em sua homilia, o purpurado filipino deteve-se na leitura do Evangelho do dia, centrada no encontro de Jesus com o cobrador de impostos Zaqueu. Quando considerado à luz do tema da conferência – “Em caminho juntos como povos da Ásia” – “esta história sugere três lições para a Igreja na Ásia”, disse Tagle. Jesus tinha inicialmente a intenção de passar pela cidade de Zaqueu, mas depois de encontrá-lo, lhe diz que “deve” permanecer com ele. Isto sugere uma importante verdade sobre a viagem juntos, ressaltou o cardeal: “Deve ser desejada, escolhida e querida. Não podemos deixá-la ao acaso”. Em segundo lugar, Jesus escolheu como companheiro de viagem “não o mais puro, não o mais reto, não o irrepreensível, não aquele que o tornaria mais aceitável para as pessoas, não aquele que pertencia ao seu círculo. Escolheu Zaqueu, um coletor de impostos…. Deus quer que caminhemos com aqueles que podem ser diferentes de nós”. E por fim, o cardeal perguntou: “Que tipo de caminho será esse? Qual é o seu destino? Com Jesus será uma viagem de misericórdia e de compaixão, não de condenação; de paciência, não de destruição”.
Joseph Tulloch/Raimundo de Lima – Vatican News