CE e PE rendem homenagens a Dom Expedito Lopes
Julho é mês dedicado à memória de Dom Expedito Lopes, ocasião em que é mais fortemente homenageado por cearenses, pernambucanos e devotos dos demais estados. Na segunda-feira (2) foi lembrado o 67º aniversário da sua trágica morte. Já na segunda-feira (8) os fiéis católicos e admiradores estarão rezando pelo transcurso do 110º aniversário de nascimento do Apóstolo do Perdão.
Confira, abaixo, síntese biográfica de Dom Expedito Lopes (1914 – 1957).
Na terça-feira, 2 de julho, milhares de católicos relembraram um grave crime que abalou a Igreja Católica da época. Mas Sobral lamentou muito mais, pois se tratou de um atentado contra um sacerdote saído desta Diocese. Naquele dia, em 1957, em Garanhuns (PE), o Bispo Dom Expedito Lopes daquela diocese foi alvejado com três tiros, vindo a falecer no dia seguinte.
Francisco Expedito Lopes nasceu no dia 08 de julho de 1914, no Sítio Palestina do Norte, àquela época pertencente ao município de Sobral, atualmente pertence a Meruoca (CE). Eram seus pais Noêmia Cordeiro Lopes e Edésio Pereira Lopes, exímio mestre-de-obras nesta cidade. Dentre seus trabalhos constam várias edificações, dentre elas, a Capela de São José, no bairro do Sumaré.
Menino inteligente e estudioso, Expedito fez seus primeiros estudos em Sobral. Sob a proteção do Bispo dom José Tupinambá da Frota, foi matriculado no Seminário Menor de Sobral a 02 de fevereiro de 1927, onde conclui o Curso de Humanidade. Em fevereiro de 1932 entrou para o Seminário de Fortaleza, onde terminou o curso de Filosofia e iniciou o de Teologia.
Em 1936 foi para Roma com a finalidade de concluir o Curso de Teologia e obter o mestrado em Direito Canônico, na Pontifícia Universidade Gregoriana. Em Roma, ordenou-se sacerdote no dia 30 de outubro de 1938, aos 24 anos. No dia seguinte celebrou sua primeira missa na Catacumba de São Calixto. Depois de tornar-se padre, continuou em Roma, doutorando em Direito Canônico em julho de 1941.
Padre Expedito Lopes retorna a Sobral no dia 2 de outubro do mesmo ano, “inesperadamente, sem aviso pra quem quer que seja”, conforme um manuscrito de Dom José Tupinambá da Frota. Em Sobral exerceu as funções de Secretário do Bispado, Professor do Seminário e Capelão do Colégio Santana.
A 30 de agosto de 1948, aos 34 anos, Pe. Expedito Lopes foi nomeado, pela Santa Sé, Bispo da Nova Diocese de Oeiras (PI). Foi sagrado Bispo na catedral de Sobral, no dia 12 de dezembro de 1948.
Em Oeiras, durante cinco anos, Dom Expedito Lopes destacou-se dando prioridade à catequese e à educação religiosa, fundando um Seminário, inúmeras escolas e renovando as associações religiosas.
Aos 40 anos, no dia 24 de agosto de 1954, foi transferido para a Diocese de Garanhuns (PE), tomando posse somente no dia 11 de fevereiro de 1955.
Dom Expedito Lopes, homem de atitudes firmes e costumes decisivos, sempre procurou coibir abusos que encontrou em sua nova Diocese, ao ponto de tais atitudes lhe custarem a vida.
No dia 1º de julho de 1957, por volta das 18h, em sua própria residência episcopal, Dom Expedito foi alvejado por três tiros de revólver (dois no peito e um no braço), desferidos pelo seu subalterno, Vigário de Quipapá (PE), Pe. Hosana de Siqueira e Silva.
Internado no Hospital de Garanhuns e gravemente ferido, aí faleceu pelas 2 horas da madrugada do dia 2 de julho de 1957 (faltando seis dias para completar 43 anos), após oito horas de agonia, vividas na total entrega a Deus.
Durante a agonia, pronunciou algumas frases: “Ofereço minha vida para conversão daquele pobre sacerdote para que não ofenda mais a Nosso Senhor. Ofereço o sacrifício da minha vida pela Diocese de Garanhuns, pelo clero e pelos seminaristas. Seja feita a vontade de Deus. Combati o bom combate, guardei a minha fé. Senhor, estou preparado, agora podeis levar-me”. O corpo de Dom Francisco Expedito Lopes acha-se sepultado na Catedral de Garanhuns (PE)
Palavras do seu Testamento: “Nasci pobre, vivi sempre pobremente e na esperança de vir a morrer sem dinheiro, sem dívidas e sem pecados. Nada mais tenho a pedir senão que rezem muito para que Nosso Senhor nos conceda SANTOS SACERDOTES”- Dom Expedito Lopes.
Após sua morte, o bairro antes chamado Monte Castelo em Sobral passou a denominar-se Dom Expedito Lopes, uma justa e merecida homenagem que este município presta ao seu ilustre mártir. Além disso, o bispo morto dá nome a ruas em outras localidades e até nomeia um município piauiense.
Desde 2003, a Diocese de Garanhuns trabalha na beatificação e posterior santificação de dom Expedito Lopes. O caso está sendo analisado pelo Tribunal do Santo Ofício no Vaticano desde 2006.
O QUE SE SEGUE FOI EXTRAÍDO/CONDENSADO DO PORTAL PERNAMBUCO DE A/Z
Depois do crime o padre assassino fugiu do local e se entregou aos religiosos do Mosteiro de São Bento, cujo prior o entregou ao prefeito de Garanhuns. Pe. Hosana teve de usar disfarce para ser levado à Casa de Detenção de Recife, pois estava ameaçado de ser linchado.
Pe. Hosana
Motivos do crime: Um romance proibido. O padre Hosana estaria de caso com uma prima (Maria José Martins) que ele abrigou na casa paroquial de Quipapá e, por isso, foi suspenso de suas atividades religiosas pelo bispo, por tempo indeterminado. Depois de transferir a prima, grávida, para um outro local, o padre reagiu e por várias vezes tentou mudar o rumo do episódio.
Pe. Hosana negava o caso amoroso e dizia que “as verdadeiras razões” de sua suspensão foram “boatos de pessoas que querem me afastar da paróquia”. Mas o bispo não aceitou as explicações e a briga ficou feia. Até que o padre Hosana decidiu “resolver de vez essa questão” e foi ao encontro de Dom Expedito.
Enquanto a história do assassinato do bispo ganhava a boca do povo e virava tema de reportagens, livros e folhetos de cordel, o padre Hosana estava recolhido à Casa de Detenção do Recife. No primeiro julgamento (ocorrido a 20 de fevereiro de 1959), ele foi condenado a dois anos e seis meses de prisão e mais dois anos numa clínica psiquiátrica. Mas a acusação achou a pena suave, recorreu e esse julgamento foi anulado. O segundo, também. No terceiro julgamento, ocorrido a 06 de dezembro de 1963, padre Hosana é condenado a 19 anos de cadeia. Cumpriu a pena até 05 de setembro de 1968, quando ganhou liberdade condicional.
Excomungado, Hosana deixou a prisão carregando o fardo de ser o terceiro padre na história da Igreja Católica em todo o mundo a assassinar um bispo: o primeiro caso aconteceu a 03 de janeiro de 1857, quando o padre Luiz Verge matou a punhaladas, na Igreja de Santa Madalena, em Paris, o arcebispo Dom Augusto Sibour; o segundo caso data de 18 de abril de 1867, quando o abade Galleote Costella matou, com um tiro de revólver, o bispo de Madri, Espanha, Dom Martinez Izqueierdo.
Recolhido em sua fazenda, a 9 km da cidade de Correntes (PE), onde nasceu, em 13.11.1913, o padre Hosana passou a viver da agricultura. Ali, no dia 07/11/1997, aos 84 anos, ele foi assassinado a golpes de madeira na cabeça. No inquérito instaurado para apurar o episódio, foram indiciados como autores do crime Cícero Barbosa da Silva e Evalda Maria Peixoto da Silva, um casal de humildes agricultores residentes nas proximidades da fazenda onde Hosana viveu os seus últimos dias. Mas, desde o início, nem mesmo a promotora de Correntes, Ana Jaqueline Barbosa Lopes, acreditou que os dois agricultores foram realmente os matadores do assassino confesso do bispo de Garanhuns . Tudo o que restou do segundo lance dessa tragédia foi a pergunta: quem, finalmente, matou o Padre Hosana?”
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“DOM EXPEDITO LOPES E PADRE HOSANA: VIDAS ENTRECRUZADAS”
DOMINGO NA EDUCADORA FM 107,5 – SOBRAL-CE
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