Cerimônia marca encerramento da Causa Diocesana de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Monsenhor Waldir Lopes em Marco

A cidade de Marco viveu, na noite desta sexta-feira (12/12), um momento histórico ao presenciar a Cerimônia de Encerramento da Causa Diocesana de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Monsenhor Waldir Lopes de Castro, realizada na praça do Santuário do Sagrado Coração de Jesus.
Inicialmente, aconteceu a sessão do Tribunal, com a presença do bispo diocesano, Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos; do delegado episcopal (juiz), Dom Agnaldo Temóteo; do promotor de justiça, Pe. Edmilson Eugênio; do notário, Professor José Luís Lira; do portador, Monsenhor Nonato Timbó; e do postulador da Causa, Dr. Paolo Vilotta.
Na ocasião, foi realizada a leitura da ata e o juramento dos membros da mesa. Em seguida, a caixa contendo toda a documentação do processo foi devidamente lacrada, marcando oficialmente o encerramento da fase diocesana da Causa.
Dom Vasconcelos destacou que é sempre motivo de admiração a expressiva participação dos católicos marquenses nas celebrações. “As missas dominicais reúnem verdadeiras multidões, que muitas vezes não cabem dentro das igrejas, ocupando também as praças. Atribuo essa fé marcante e presença significativa nas celebrações ao Monsenhor Waldir. Em sua figura, temos um exemplo de padre para os tempos de hoje. Lamento não tê-lo conhecido pessoalmente, mas foi um homem que despertou no coração de seus paroquianos um profundo sentimento de pertença”, afirmou o bispo.
O pároco da Paróquia de São Manuel, Monsenhor Nonato Timbó, agradeceu a Dom Vasconcelos por ter acolhido o pedido de abertura da causa. “Quando cheguei nesta cidade, algumas pessoas me procuraram para falar sobre o Monsenhor Waldir e me pediram que levasse ao bispo diocesano o pedido de nada consta. Para nossa surpresa, encontramos em Dom Vasconcelos um grande incentivador e motivador dessa causa. Além de agradecer a ele e a todos os envolvidos, expresso minha gratidão à comissão histórica, que trabalhou arduamente nesta fase diocesana”, ressaltou.
“Monsenhor Waldir continua nos falando; ele é uma provocação para o nosso presente. Foi próximo dos trabalhadores, dos jovens e dos doentes; promovia a dignidade da pessoa por meio do trabalho. Ele ensinava a caminhar, e não a depender”, destacou o Dr. Paolo Vilotta.
A programação prosseguiu com a Santa Missa, presidida por Dom Vasconcelos e concelebrada pelos bispos Dom Edmilson Neves, da Diocese de Tianguá; Dom Aurélio Pinto, da Diocese de Quixadá; Dom Agnaldo Temóteo, da Diocese de Garanhuns/PE; e Monsenhor Antônio Carlos, bispo auxiliar eleito para a Arquidiocese de Fortaleza.
A celebração contou ainda com a concelebração de numerosos presbíteros da Diocese de Sobral e de dioceses vizinhas, além da expressiva participação do povo de Deus, familiares de Monsenhor Waldir, que, com fé e esperança, acompanharam este momento marcante para a Igreja.
Na liturgia do dia, a Igreja celebrou a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, cuja devoção se harmoniza profundamente com o tempo do Advento, pois Maria é aquela que melhor se preparou para acolher o Natal de Jesus. Recordando a aparição a São Juan Diego, destacou-se o pedido da Virgem para a construção de um santuário, lugar de encontro com Deus e de derramamento de graças.
Nesse mesmo espírito, Dom Vasconcelos falou em homilia que o Santuário erguido por Monsenhor Waldir Lopes nasceu do desejo de proporcionar ao povo uma verdadeira experiência com Deus.
Assim, unindo a festa mariana à vida da Igreja local, a celebração tornou-se ainda mais significativa ao marcar o encerramento da fase diocesana da Causa de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Monsenhor Waldir Lopes de Castro, representando um passo significativo no caminho rumo à beatificação e canonização deste filho da terra, renovando no coração dos fiéis a confiança em seu testemunho de vida, fé e serviço à Igreja.

Biografia
O Servo de Deus Monsenhor Waldir Lopes de Castro nasceu na cidade de Sobral (CE), no dia 2 de fevereiro de 1931, filho de Victor de Castro Cavalcante e Francisca Elusa Lopes de Castro Cavalcante. Foi batizado na Catedral de Sobral, no dia 8 de março de 1931, pelo padre José Gerardo Ferreira Gomes, tendo como padrinhos Manuel Gomes da Motta e Maria de Vasconcellos Motta.
Ingressou no Seminário Menor de Sobral em 8 de fevereiro de 1944, onde concluiu sua formação inicial em 1950. Realizou os estudos de Filosofia e Teologia no Seminário Maior da Prainha, em Fortaleza, ao longo de seis anos. Foi ordenado diácono em 8 de dezembro de 1955 e, no dia 8 de dezembro de 1956, pela imposição das mãos de Dom José Tupinambá da Frota, então bispo diocesano, foi ordenado sacerdote na Sé Catedral de Sobral.
Iniciou seu ministério sacerdotal como vigário cooperador da Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio, em Sobral, onde permaneceu de janeiro de 1957 a março de 1964. Nesse mesmo período, atuou como professor no Seminário de Sobral e na Escola Técnica de Comércio Dom José.
Em 8 de março de 1964, assumiu a Paróquia de São Manuel, no município de Marco (CE), onde desenvolveu um fecundo trabalho pastoral. Incentivou a catequese nos moldes conciliares, apoiou as comunidades eclesiais de base e promoveu com zelo a prática do Dízimo.
Monsenhor Waldir buscou viver seu sacerdócio de forma irrepreensível, discreta e profundamente enraizada na espiritualidade. Sempre aberto às orientações e determinações da Santa Mãe Igreja, pautava seus ensinamentos à luz do Evangelho e dos documentos do Magistério. Costumava dizer aos paroquianos que preferia “errar com a Igreja a acertar fora dela”.
Homem de espiritualidade marcante, bem-humorado e dotado de grande capacidade intelectual, não se limitava apenas à dimensão espiritual. Envolveu-se intensamente em causas sociais, especialmente em favor dos mais pobres. Um dos fatos mais marcantes de sua atuação foi a participação direta na construção de casas para famílias que não possuíam moradia, promovendo dignidade e esperança ao povo.
No dia 22 de dezembro de 2001, enquanto realizava uma caminhada, foi vítima de um acidente e faleceu no mesmo dia, na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, em fama de santidade. Suas últimas palavras, conforme testemunhas, foram: “Ela me ama (Maria Santíssima). Pai, em tuas mãos entrego a humanidade de Marco…”
Seu velório reuniu uma grande multidão. Após a Missa de corpo presente, presidida pelo então bispo diocesano de Sobral, Dom Aldo di Cillo Pagotto, e concelebrada por numerosos sacerdotes, Monsenhor Waldir foi sepultado no Cemitério São Roque, reformado por ele, no túmulo da Congregação Mariana. Atualmente, seus restos mortais encontram-se no Santuário do Sagrado Coração de Jesus, em Marco.
Thais Helena – Jornalista – Jornal Correio da Semana