Com pandemia, ricos ganham 42 vezes mais que pobres nas regiões metropolitanas

Partial view of the Jardim Peri neighborhood, outskirts of Sao Paulo, Brazil, on May 20, 2018. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP)
O percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda per capita menor que um quarto do salário mínimo chegou a 29,4%, mais de 24 milhões de pessoas
Por Matheus Prado, do CNN Brasil Business, em São Paulo
A pandemia do novo coronavírus ajudou a corroer indicadores econômicos e, consequentemente, exacerbar a desigualdade de rendimentos, medida pelo coeficiente de Gini, nas grandes cidades brasileiras.
É o que mostra a quarta edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, pesquisa divulgada nesta quarta-feira (7) e desenvolvida pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUC-RS e o Observatório da Dívida Social na América Latina.
“No 1º trimestre de 2020, os 10% do topo da distribuição de renda ganhavam, em média, 29,6 vezes mais do que os 40% da base da distribuição de renda. No 1º trimestre de 2021, os 10% do topo da distribuição de renda passaram a ganhar, em média, 42,3 vezes mais que os 40% da base da distribuição de renda”, diz a pesquisa.
O estudo mostra ainda que, no primeiro trimestre de 2021, a média móvel do coeficiente de Gini nas regiões metropolitanas atingiu o valor de 0,637, o maior número desde o início série histórica que começou no primeiro trimestre de 2012.
Como o coeficiente vai de 0 a 1 e, quanto mais próximo de 1, mais desigual é o local pesquisado. Isso significa que o nível de desigualdade do trabalho nas 20 regiões metropolitanas brasileiras foi o mais elevado em todo o período observado.
“Entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021 a média móvel do coeficiente de Gini nas metrópoles passou de 0,608 para 0,637, um aumento de 4,8%. Este é o maior aumento já registrado do primeiro trimestre de um ano em relação ao primeiro trimestre do ano imediatamente anterior desde o começo da série histórica”, diz o estudo.
Obviamente, quem sofre mais com isso são os mais pobres. O percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda per capita menor que um quarto do salário mínimo era de 20,2% em 2012, saltou para 24,5% no primeiro trimestre de 2020 e escalou para 29,4% um ano depois. Em termos absolutos, há 24.535.659 nessa situação.
De forma geral, entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021, houve queda de 8,5% do rendimento médio no conjunto das RM, que passou de R$ 1.423,93 para R$ 1.302,79. Essa queda fez a renda média retornar ao patamar do início da série, no ano de 2012.
“Para o estrato dos 40% mais pobres, o rendimento médio do trabalho caiu 33,4% no período. Para os 50% de renda intermediária a queda foi de 7,6%. Para o estrato de renda dos 10% do topo da distribuição a queda foi de 4,8%. Portanto, a queda foi muito mais pronunciada para os mais pobres”, afirma o relatório.



