De Olho na Língua
Posso dizer que os jogadores se confraternizam após o final da partida
Não. O verbo é simplesmente confraternizar. E não: confraternizar-se. Por isso use sempre: Os jogadores confraternizaram após o final da partida. No Natal ou no dia 31 de dezembro é comum as pessoas confraternizarem.
Afinal, a grafia correta do nome é Luiz ou Luís?
Luís. Este nome origina-se do germânico LUDWIG (= Luduvique), que passou a ser alatinado como LUDUVICUS. Na França, assumiu a forma de “Louis” e na Espanha a de “Lois”.
Ora, tanto no Francês “Louis”, como no Espanhol “Lois”, só poderíamos ter, no vernáculo, LUÍS. Devemos escrever também com “s”: Luísa, Luisinho, Luisinha, etc. Não adianta alegar que o nome é seu. Os nomes próprios seguem a mesma regra dos nomes comuns.
Houveram problemas de difícil solução
A flexão indevida de “haver” é muito freqüente e ocorre quando o verbo se encontra no passado ou futuro. Diga-se: Houve problemas de difícil solução. O verbo haver, no sentido de existir, é impessoal. Ou seja, não há sujeito e deve aparecer na terceira pessoa do singular.
O moral / a moral (diferença)
É muito frequente a confusão entre o moral (substantivo masculino), que significa ânimo disposição, firmeza, e a moral (substantivo feminino) significando conjunto de preceitos de conduta considerada digna. Ex.: Uma vitória no campo do adversário deixa os jogadores com o moral elevado; A moral cristã; Moral ilibada; Qual a moral da história?
O habitat natural… (Redundância?)
É, sim. Quem é que nunca ouviu alguém dizer que determinado animal sofre quando está fora do seu “habitat natural”? E existe habitat que não seja natural?
Você já percebeu que a expressão “habitat natural” é redundância, certo? Diga, pois, habitat, simplesmente. Exs.: Lá ela se sente em casa: é esse o seu habitat; Fora de seu habitat, esses animais não procriam. A palavra habitat é um latinismo. Devemos pronunciá-la assim: “ábita”.
Namorar com (regência)
O verbo é transitivo direto: A moça namora o filho do prefeito; Namorava a vizinha havia muitos anos. Talvez por analogia com o verbo casar, as pessoas usam o verbo namorar com a preposição “com”.
“Preço alto” ou “Preço caro”
No rádio, na TV e nos jornais são comuns as expressões “preço caro” e “preço barato”. Os dicionários costumam mencionar que caro ou barato é a mercadoria (O carro é caro) e que o preço é alto ou baixo (Esses produtos têm preços muito alto; Nesta época do ano, os preços são baixos).
A saúde de alguém “se agrava”
Também é impróprio dizer que a saúde de alguém “se agrava” ou piora. O que piora ou se agrava é o estado ou a condição de saúde de alguém. É o mesmo que ocorre com a situação das pessoas. Por isso, evite falar em imigrante, contribuinte ou motorista “irregular”. No caso, não é a pessoa que é irregular, mas a sua situação.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Escreve esta Coluna toda terça-feira. Contatos: (88) 99868-2517.