O vernáculo e o escravo
É curiosa a origem da palavra vernáculo. “Verna”, entre os romanos (antigos), era o escravo nascido na casa do senhor. Por esse motivo adquiria alguma simpatia e certas regalias do seu dono. Palavra de origem ignorada. Talvez um empréstimo. Alguns etimologistas acham que seja do etrusco. Depois, aplicou-se a palavra ao indivíduo nascido no país. Aborígine, nativo. Tornou-se adjetivo regular triforme “vernu”, “verna”, “vernum”. E, por analogia com “servilis”, próprio do servo, surgiu o derivado “vernilis”, próprio do criado. Mas o derivado de “verna” que nos interessa é o adjetivo “vernaculus”, de escravo, doméstico, indígena, nativo = nascido na casa do senhor; na terra, nativo, aborígine, depois passou a significar também nacional, não estrangeiro.
O adjetivo que o latinismo passou a ter em nossa Língua: língua vernácula ou idioma vernáculo, expressão ou frase vernácula, pura, castiça na expressão, que não usa estrangeirismos escritor vernáculo. Lídimo, estreme, genuíno, sem mistura de estrangeirismos ou peregrinismos: língua vernácula, pura, castiça na expressão, que não usa estrangeirismos, escritor vernáculo.
E assim se conta a história do Vernáculo, que começou com o escravo nascido em casa do senhor (patrão): cria da casa, crioulo, natural da terra, indígena.
“O escolhido foi eu” ou “O escolhido fui eu”?
O correto é: O escolhido fui eu. Agora, aprenda:
1) Se o predicado for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo ser concorda com o predicativo: O escolhido fui eu (= Eu fui escolhido). As esperanças do time eram o melhor jogador (= O melhor jogador era as esperanças do time); O responsável sou eu (= Eu sou o responsável); Os convidados fomos nós (= Nós fomos os convidados).
2) Se o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo ser deve concordar com o sujeito: Eu fui o escolhido; Júnior era a esperança do time; Fernando Pessoa é muitos poetas ao mesmo tempo; Eu sou o responsável; Ele é forte, mas não é dois.
3) Se houver dois pronomes pessoais, o verbo ser concorda com o primeiro; Eu não sou você; Ele não é eu; Nós não somos vocês.
Octa/octo
É “octo” o prefixo que entra na formação de palavras, como octogenário (que as pessoas gostam muito de dizer “octagenário”); octocampeão (e não: octacampeão); octogésimo (e não octagésimo); octossílabo (e não: octassílabo).
Use o prefixo “octa” em termos mais comuns, como octaedro, octana, octanagem. E o ordinal correspondente a 800 é: octingentésimo.

À paisana/ a paisana/ a paisano?
A forma correta é: “á paisana”, sempre com acento. Não existem as formas: a paisana, nem a paisano.
À página/ a página/ na página
Estas expressões se equivalem: Encontrei dois erros à página (ou a página ou na página) 20 do livro; A frase se encontra à página (ou a página ou na página) 30 da revista.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.

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