DE OLHO NA LÍNGUA
Prof. Antônio da Costa (Jornal Correio da Semana – Sobral-CE – Sábado – 18.11.23)

É verdade que o verbo rigorosamente correto é “agilitar” e não “agilizar”?
É verdade, embora agilizar já esteja consagrado. Hoje, todavia, se pedirmos que alguém “agilite” um processo, certamente seremos olhados de “esguelha”. Injustamente, mas seremos olhados de “esguelha”. É a evolução…
“De esguelha” ou “de esgueia”?
De esguelha, evidentemente, ainda que muitos prefiram olhar de “esgueia”, como já ouvimos. Ninguém abre um “taio” no dedo, mas, sim, um talho. É comum haver a troca do “lh” por “i”. Vejamos: paiaço (palhaço), veio (velho), paia (palha), etc. Trata-se de influência africana.
Com palavras no plural uso “a ser” ou “a serem”?
Do jeito que você achar melhor. Exs.: Os presidentes definirão as medidas a ser (ou a serem) tomadas; As crianças a ser (ou a serem) matriculadas chegam a cem; O secretário se viu praticamente impossibilitado de agilizar o andamento dos decretos a ser (ou a serem) assinados pelo governador.
Isso vale também para a negação: Todos beberam, a não ser (ou a não serem) os policiais; Ninguém ficou bêbado (ou bêbedo), a não ser (ou a não sermos) nós.
“Não queremos denegrir sua imagem” ou “Não queremos denigrir sua imagem”
Ambas corretas. Denegrir e denigrir são formas variantes ou sincréticas. Aliás, é bom que saibamos que essas palavras não devem ser usadas. Atualmente elas são tachadas de discriminatórias. Já pensou…
“Nada a ver” ou “Nada que ver”?
No Português contemporâneo podemos usar as duas formas. Os puristas recomendam “nada que ver”. “Nada a ver” é galicismo (mania dos franceses).
“De maneiras que”, “De formas que”, “De modos que”, “De sortes que”
As locuções conjuntivas são usadas corretamente no singular. Assim: “de maneira que”, “de forma que”, “de modo que”, “de sorte que”, etc.
“Fazem trinta anos que isso aconteceu”?
O verbo “fazer” indicando tempo decorrido é impessoal. Isto é: não vai para o plural. A forma correta é: “Faz trinta anos que isso aconteceu”.
Mulato (Etimologia)
Mulato é um termo que designa a pessoa que é descendente de negros africanos e brancos europeus. Inicialmente o termo era também aplicado para designar mestiços. Mulatos podem apresentar os mais variados perfis fenotípicos e culturais. Mestiços são pessoas que descendem de duas ou mais etnias diferentes. No Brasil os mestiços são chamados de pardos.
Existem terminologias tradicionais: mulatos – para descendentes de brancos e negros; caboclos e mamelucos – para descendentes de brancos e indígenas; cafuzos: para descendentes de negros e indígenas.
Mulata
Na língua espanhola referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua. A enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade.
Síntese
Mulato: cruzamento de cavalo com jumenta ou cruzamento de égua com jumento. Resulta o animal híbrido burro (asno). A burra (ou mula) não procria.
“A Língua não se escraviza ao sentido originário das palavras” (De Celso Pedro Luft, do livro “O romance das palavras”.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *