De Olho na Língua
Ir a X ír para (Qual a diferença?)
“Ir a” indicar retorno breve: Ir à missa; Ir à praia; Ir ao supermercado; Ir à escola; Ir ao restaurante. “Ir para” pressupõe um deslocamento duradouro: Ela deixou o marido e foi para a casa dos pais; Ela se aposentou, vendeu a casa e foi para o litoral.
Ínterim X interim (rím)
Em nosso idioma, a sílaba tônica das palavras terminadas em “im” é quase sempre a última: gergelim, pudim, alecrim, confim, capim, cupim, amendoim, arlequim, xaxim, serafim, etc.
Ínterim, no entanto, constitui exceção. Trata-se de uma palavra proparoxítona (que, normalmente, aparece na expressão “nesse ínterim”, com o significado de: entremente, enquanto isso, nesse comemos, nesse instante.
Inexaurível X inexorável
O primeiro termo é sinônimo de inesgotável; o segundo, de Implacável, inabalável, inflexível (que não cede a súplica). Apesar de terem significados diferentes, essas palavras têm algo em comum. Em ambos os casos a letra “X” tem som de “Z”.
Va embora antes “de que” eu me arrependa e peça o presente de volta
Diga corretamente: Va embora antes “que” eu me arrependa e peça o presente de volta
Infarte / infarto / enfarte / enfarto
Todas as quatro formas são lícitas, em que pese a preferência dos médicos pelo termo infarto.
Intervimos X Interviemos
Intervimos é tempo presente: Nós intervimos em questões escolares de nossos alunos quase que diariamente. Já interviemos é tempo passado: Na semana passada interviemos em várias questões relacionadas a problemas dos alunos.
Não viajei por causa “que” estou doente
Diga corretamente: Não viajei porque estou doente. A expressão “por causa que” não existe na Língua Portuguesa culta.
Eu me acordo cedo todos os dias
Ninguém se acorda! Todos nós simplesmente acordamos. Portanto: Eu acordo cedo todos os dias; A que horas você acordou? (E não: A que horas você se acordou?) As crianças já acordaram (E não: As crianças já se acordaram)
Não fique “de” recuperação
Nenhum aluno fica de recuperação. O aluno preguiçoso, que estuda pouco e fica de castigo para estudar até mais tarde, fica “para” recuperação. Ninguém fica também “de” segunda época, mas, sim, “para” segunda época. O melhor mesmo, contudo, é não ficar para recuperação nem para segunda época. O bom estudante entra em férias mais cedo.
Eu ainda sou “de” menor
Não. Ninguém é “de” menor. Basta retirar a proporção “de” que tudo ficará melhor. Portanto: Eu ainda sou menor (= Eu ainda sou menor de idade); Meu irmão já é maior (= Meu irmão já é maior de idade).
Comprei um caderno “aspiral”
Esse tipo de caderno não existe à venda em papelaria nenhuma. O que se pode comprar em qualquer esquina é caderno de espiral. Ou, então, simplesmente caderno espiral. Esse não aspira a nada.
Dê um chego até aqui
Chego como substantivo? Não será melhor dar uma chegada até aqui e conhecer melhor a Língua Portuguesa? Também não existe “tinha chego”, mas apenas “tinha chegado”: Eu tinha chegado tarde naquela noite; As alunas haviam chegado mais cedo.
Não use “Eu tinha trago”; Eu tinha falo; Eu tinha entregue. PREFIRA: Eu tinha trazido; Eu tinha falado; Ela tinha chegado; Ela tinha entregado o dinheiro a Manuel.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724