Com o Domingo de Ramos, inicia-se a Semana Santa, aquela na qual participamos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, fazendo memória do mistério pascal, que constitui o núcleo da fé cristã. Nesse mistério que celebramos através da liturgia da Igreja são iluminados os mistérios da condição humana, pois Deus se fez um de nós!
Em Jesus, o caminho de Deus encontra-se definitivamente com o caminho dos homens. Revela-se aquilo que há de mais humano em Deus e aquilo que há de mais divino no homem. Nesse sentido, a encarnação do Verbo insere Deus na dinâmica da vida humana. Com excessão do pecado, Jesus viveu tudo o que compõe a condição humana entre dores e alegrias, esperanças e angústias, sentimentos e afetos.
Nesta semana maior, também contemplamos a profundidade dos mistérios da condição humana assumida por Deus. Aproximando-se de nós, aprendeu a obedecer no sofrimento, alegrou-se com a fé dos simples e andou pelos extremos da angústia e do medo, diante da iminência de sua morte. Por nós, ele se abaixou tanto a ponto de se tornar um escravo e o último dos homens.
Nos textos da Semana Santa, refletimos: quem é o ser humano para que Deus o ame tanto assim? É uma surpresa para nós mesmos saber que somos importantes para Deus. Podemos experimentar esse amor imensurável e podemos também refletir as práticas perservas do homem. Quando Deus mesmo se fez nosso companheiro humano, foi rejeitado e morto como um transgressor da ordem vigente.
Mas mesmo diante de tudo isso, descobrimos que Deus é amor. A Semana Santa narra, em seu núcleo essencial, a misericórdia incomensurável de Deus. Ele poderia ter nos julgado e condenado como seus filhos rebeldes e maus, mas não o fez. O amor triunfou sobre a justiça e a compaixão, sobre o juízo. A cruz, símbolo da nossa rejeição, foi transformada em máxima expressão de misericórdia. Que mistério estupendo!
As leituras litúrgicas nos introduzem na perspectiva redentora da paixão de Jesus. Refletimos sobre a violência e os ultrajes humanos. E também contemplamos a resolução firme do Servo sofredor, que não cedeu à fraqueza e ao sentimento de desespero. Foi obediente até a morte. Ele que era inocente, santo, justo. E assim, ele foi senhor da vida e da morte, porque conheceu a ambas por experiência.
E no domingo de Páscoa, a palavra final de Deus é sempre de vida, de ressurreição. Se o tribunal humano conduziu Jesus à morte, Deus desfez essa condenação. Resgatou seu Filho das garras da morte, e com Ele toda a humanidade.
Que esta Semana Santa seja, para nós, uma experiência de provar o grandioso amor de Deus por nós. Na paixão, morte e ressurreição do Senhor a fé cristã testemunha: Deus nos ama apaixonadamente!

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