De Olho na Língua
Reverter o quadro
A frase em epígrafe está na moda. Médicos, economistas, tecnocratas de todas as áreas e principalmente cronistas esportivos estão a inventar uma língua própria: A asinina. Entre tantas asnices que se notam em linguagem desses profissionais, salienta-se o emprego do verbo “reverter” por “inverter”: É preciso reverter o quadro da economia brasileira (Em vez de: É preciso inverter o quadro da economia brasileira); O prefeito não soube reverter o escândalo a seu favor (Em vez de: O prefeito não soube inverter…); A reversão desse quadro é difícil (Em vez de: A inversão desse quadro é difícil).
Tráfego/trafegar; Tráfico/traficar
Convém não confundir esses termos.
TRÁFEGO – Entre outros significados, é o movimento de veículos, navios, aviões, pedestres, etc. numa área ou numa rota. Ex.: O tráfego aéreo foi interrompido por causa do mau tempo; Não é permitido trafegar em estradas públicas com a plataforma ocupada à colhedora. O verbo correspondente ao substantivo tráfego é trafegar.
TRÁFICO – É negócio desonesto, ilícito ou fraudulento. Ex.: Tráfico de drogas; Tráfico de escravos; Tráfico de influência; Tráfico de mulheres; Tráfico de órgãos humanos, etc. O verbo correspondente a tráfico é traficar.
NOTA: É Bom não confundir esses termos porque, observei em uma instituição de ensino em nossa cidade, pessoas que trabalham no setor que é para ser denominado de tráfego, eles chamam de tráfico, o que é muito perigoso.
Caixa eletrônica ou caixa eletrônico?
É Caixa Eletrônico. O Caixa também pode ser o homem que trabalha no banco. A caixa pode ser a mulher (profissional) ou objeto (a caixa registradora, a caixa de sapato, a caixa de bombons).
EM TEMPO: No Português contemporâneo, a maioria dos gramáticos recomenda usar “o Caixa”, tanto para pessoas do sexo masculino, como para pessoas do sexo feminino. Exs.: O Caixa Pedro Paulo; O Caixa Maria do Carmo.
Vizinho (etimologia)
Vizinho – do Latim “vicinus” (vizinho que tem uma casa próximo). O termo é oriundo de “vicus”, que significa aldeia, vila e, depois, bairro. Portanto, a partir da origem o vizinho não é somente o que está ao lado, o que mora contíguo, paredes-meias, como se diz no estrito sentido. Mas vizinho é aquele que mora próximo e que se conhece, têm-se laços de amizade. Hoje, nas grandes cidades, muitos não conhecem o que mora no apartamento em frente, ou ao lado. Neste caso, são contíguos os apartamentos, são ligados, mas não são “avizinhados” na convivência. Cognatos: avizinhar, vicinal, vizinhança.
Companhia (Pronuncie: compânhia)
A pronúncia viciosa “compania”, curiosíssima no Brasil, não é recomendável. Afinal, ninguém, em tempo algum, teve “companeiro”, nem “acompanou” ninguém. O “a”, que antecede o fonema nasal “nhê”, deve soar fechado. Convém acrescentar que tal pronúncia é recomendada para qualquer caso: companhia aérea; companhias internacionais; companhia limitada; companhia boa; andar em más companhias.
O analfabetismo é um agravante ou uma agravante?
O analfabetismo, assim como falta de respeito, será sempre uma agravante na formação de qualquer personalidade. A exemplo de atenuante, a palavra agravante é feminina, apesar de muita gente boa usá-la como masculina, o agravante, o atenuante, doravante use a atenuante, a agravante.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724