Domingo da Alegria
Nestes dias em que a preparação do Natal já se torna mais intensa, celebramos o Domingo da Alegria, como chamamos o 3º domingo do Advento. A Palavra de Deus nos prepara para a vinda do Senhor. A preparação deve ser concreta, fiel, vigilante e alegre. Precisamente, a alegria do Evangelho é o espírito com o qual se vive o tempo de espera e de esperança do advento.
Aquele que vem ao nosso encontro, vem para nos salvar. Daí a alegria transbordante da proximidade do Nascimento de Jesus. A figura de São João Batista mostra a dinâmica da conversão natalina. É um processo de mudança interior, no qual a pessoa vai ao encontro de Deus, aceitando a graça transformadora da Palavra, que se encarna e toca a realidade humana.
Não é uma conversão instantânea e radical, mas processual. Cada pessoa é fruto de processos. Da mesma forma, a conversão pessoal é um processo contínuo de quem se deixa atingir por essa graça transformadora. Vale destacar que a conversão é integral e não parcial. Ninguém se converte apenas em uma dimensão da vida. A mudança passa pelo modo ser, de pensar, de agir, tendo como parâmetro central a Boa-Nova anunciada por Jesus.
O Domingo da Alegria nos recorda que o Evangelho deve ser anunciado com alegria, como superabundância de sentido de vida e menos como doutrinas e disciplinas a serem assimiladas. A evangelização é anterior à doutrinação. Existe uma saudade de Deus, uma sede de sentido no coração do mundo. Precisamos, portanto, ir ao encontro dessa sede de Deus.
Neste tempo, a liturgia fala de aplainar os caminhos, derrubando montes e preenchendo vales. Para que o Senhor se achegue, é necessário aplainar a soberba, domar o ego arrogante que manipula e usa as pessoas para conseguir vantagens. É preciso derrubar a vaidade de quem se acha mais sábio e mais digno do que os outros.
Mas também é preciso preencher tantas lacunas e vazios de valores. Quantos corações cheios de ódio, discriminação, preconceito e hipocrisia. Quantos corações vazios de humanidade, tolerância e solidariedade. Quantas pessoas vazias de verdadeiros amigos. Quanta indiferença em relação aos pobres, o que chamamos hoje de aporofobia, aversão ao pobre.
A espiritualidade da Alegria que brota deste domingo nos recorda que é preciso retomar a rota de Belém. Sentir a mesma alegria e surpresa dos pastores, da adoração e profunda comunhão dos sábios do Oriente, que souberam partilhar aquilo que tinham de melhor para presentear o Menino Deus. Jesus, a alegria dos homens, sempre despertará a esperança que habita em nós e nos impulsionará a edificar uma nova humanidade, em um mundo harmonioso de paz e alegria sem fim.