“E Jesus, dando um grande grito, expirou” (Mt 27,50; Mc 15,37)

O grito de Jesus na Cruz é um parto. Naquele momento nascia um mundo novo. Era derruído o grande “diafragma” do pecado e a reconciliação se operava. Foi, portanto, um grito de sofrimento e simultaneamente de amor. “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Nós devemos acolher esse grito de amor, deixar que ele nos abale até o fundo das vísceras, que nos transforme. Bem sabia Jesus que só havia uma chave capaz de abrir os corações trancados, e esta não é a injúria, não é o mau juízo, não é a ameaça, não é a vergonha, não é nada disso. Só o amor. A arma de Cristo para cada um de nós, foi o amor. Esse amor é revelado aos pequenos. Exponhamo-nos a esse amor como a luz de um sol de verão.
Vejamos três qualidade do amor Redentor:
Sua primeira qualidade é ser amor dos inimigos. “Quando éramos inimigos, fomos reconciliados”. Jesus afirma que não há maior amor do que dar a vida pelos próprios amigos (Jo 15, 13). Mas é preciso compreender bem o que significa a palavra amigo. Ele demonstra que há um amor ainda maior do que este, maior do que dar a vida pelos próprios amigos, que é dar a vida pelos próprios inimigos.
A segunda qualidade é ser um amor atual. Não um fogo extinto, não coisa do passado, de dois mil anos atras, do qual só resta a lembrança. Está ativo, está vivo. Se necessários fosse, ele morreria de novo por nós, porque o amor que o levou a morrer mantem-se imutável. O amor age no nosso meio como uma pessoa que está presente, que não é só uma realidade, mas uma pessoa: o Espirito Santo.
Terceira qualidade: o amor do Redentor é um amor pessoal. Ele não amou a multidão, mas os indivíduos, as pessoas. Morreu por mim e devo concluir que teria morrido igualmente, embora o único a salvar sobre a face da terra fosse eu. Isto é certeza de fé. “Ele me amou e entregou-se por mim” Ele conhece suas ovelhas pelo nome, chama-as uma a uma (Jo 10,3). Para ele nenhuma é um número.
Diante das qualidades do amor de Jesus, mergulhados no mais íntimo de cada um de nós, analisemos nossas qualidades baseadas no amor de Jesus por cada um de nós. Peçamos ao Espírito Santo para que nossa vida seja mergulhada na vida de Cristo. Precisamos sermos emergidos nesse amor que me leva a vida extraordinária, a vida de amar mais. Amar do meu jeito não, amar do jeito de Cristo. Isso é possível irmãos. Ele nos chamou para uma vida unida a dele. Que esse grito nos faça nascer de novo para uma vida nova. Ele mesmo nos chama. Venham a mim, mesmo que não tenha como comprar, vinde comer de graça. Esse é o chamado do Senhor, venham.
Bibliografia:
Angelus do Papa Francisco (2021);
Pregação do Frei Raniero Cantalamessa (2014);
Raniero Cantalamessa – Nós pregamos Cristo Crucificado.
Francisco Adriano Silva – Cofundador e Formador Geral da Comunidade Filhos de Sião



