Com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja inicia o tempo da Quaresma, um período mais intenso de oração, penitência e de prática da caridade. É o tempo favorável para a conversão do coração, das atitudes e dos pensamentos. Isso não significa dizer que os outros tempos não sejam de conversão, mas nesse período quaresmal, acentua-se o caráter penitencial da busca da conversão.
Para isso, a Igreja celebra um itinerário de quarenta dias que nos preparam para vivenciar os dias grandes, como ponto alto de todo o ano litúrgico. É a preparação litúrgica e espiritual para celebrarmos a Páscoa do Senhor. Herdamos do antigo povo de Israel, a celebração anual da Páscoa.
Assim como, no Antigo Testamento, a passagem do mar foi o acontecimento fundamental e irrepetível da salvação que Deus ofereceu ao seu povo, no Novo Testamento, a morte e ressurreição de Jesus é o evento fundador da nova e eterna aliança. Na nova Páscoa que celebramos, o cordeiro é o próprio Deus encarnado, Jesus Cristo, que veio para redimir definitivamente a humanidade.
A Igreja, fiel à Boa-Nova de Jesus Cristo e na esperança do Reino definitivo, convida-nos a percorrer um caminho de mudança interior, para redescobrirmos a beleza da vida nova, que nasce do encontro com a misericórdia de Deus. Quando esse encontro, verdadeiramente, envolve o nosso coração, saímos de nós mesmos para nos aproximar de Deus e dos irmãos.
Bem sabemos que a conversão que buscamos é um duplo movimento: para Deus e para os irmãos. A mudança interior leva-nos a perceber que existem realidades sociais que não condizem com o Reino de Deus, que somos chamados a instaurar. É a conversão comunitária/social que também buscamos e celebramos na Quaresma.
É por isso que, no Brasil, desde 1964, o tempo da Quaresma é enriquecido com a Campanha da Fraternidade. A cada ano, a Igreja aborda temas importantes da realidade social brasileira, à luz da Palavra de Deus. Ao longo desses sessenta anos, as Campanhas da Fraternidade motivaram políticas públicas e uma série de ações sociais por parte das comunidades.
A Quaresma é, pois, uma oportunidade de revigorar a vida cristã a partir das dimensões humana, espiritual, comunitária e missionária. Eis o tempo favorável de conversão! Eis o tempo propício de viver o mandamento novo que Jesus nos deixou: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

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