editorial cs

Estamos na era das mídias sociais e uma das características desse tempo é a cultura da imagem. Nos últimos dias, uma série de imagens chocantes tem impactado o mundo. As imagens da crise humanitária dos povos yanomami e, nessa semana, as imagens do terremoto que atingiu a Turquia e a Síria.
São imagens que mostram as diversas faces do sofrimento humano, provocado por motivos diversos. A forma como essas imagens são recebidas e compartilhadas diz muito sobre a forma como se enxergam as catástrofes humanitárias que ocorrem pelo mundo.
Podem ser enxergadas somente por uma curiosidade, que gera uma comoção momentânea, ou podem ser vistas com um olhar mais profundo de quem se compadece com a dor alheia e ver o que está por trás das chocantes imagens. No caso dos indígenas, deve-se emxergar o pecado social da injustiça e do enriquecimento construído sobre a alicerce da morte. Nas palavras do Papa Francisco, a aquisição de um “dinheiro manchado de sangue”.
No caso do terremoto, devem-se perceber os problemas sociais que atingem a região. Na Síria, por exemplo, para além do terremoto, a região é há anos assolada por uma guerra. Muitos refugiados sírios vivem abandonados à própria sorte, sem encontrarem apoio e acolhida por parte da comunidade internacional.
Por trás das imagens que chocam existe dor, injustiça, guerra e opressão. Assim, o olhar que enxerga um pouco além interpela para a ação, para a práxis sócio-transformadora de um mundo marcado por tantas contradições e desigualdades, tanto a nível macro quando a nível micro. Próximo a nós existem realidades de sofrimento que muitas vezes passam despercebidas por nós.
Isso é questão de sensibilidade de olhar e também de coração. É necessário enxergar com o coração para que o olhar se reverta em gestos concretos de cuidado, de compaixão, de misericórdia, de afeto e de carinho a tantos irmãos e irmãs que precisam de nós. É despertar o olhar para os invisíveis que estão nas periferias do mundo.
Isso está na base do mistério da Encarnação. Deus assumiu as extremidades da existência humana e trouxe para o centro aqueles que estavam nas extremidades da vida. E, ainda hoje, nas extremidades da vida, estãos os turcos, os sírios, os yanomami, os congoleses, as vítimas da fome e da dor do mundo. Diante de tudo isso, o ver que conduz à ação está na base da esperança de um mundo novo.

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