Escritoras Negras Brasileiras

Ana Maria Gonçalves, nascida em 1970 no município de Ibiá, Minas Gerais, foi morar em São Paulo, onde trabalhou como publicitária durante 13 anos. Depois fixou residência na Ilha de Itaparica, onde se transformou em escritora. Escreveu seu primeiro livro, “Ao Lado e à Margem do que Sentes Por Mim”.
No Programa Roda Viva ela disse: “O papel das mulheres negras, acho que nunca foi valorizado na sociedade brasileira. Como eu disse, por exemplo, o feminismo branco foi construído em cima da precarização do trabalho da mulher negra. Então, ela sempre foi relegada à essa invisibilidade dentro do tecido social brasileiro, embora ela seja maioria. Ela é 28% da população brasileira hoje”.
Segundo Ana, ainda hoje as mulheres negras são preteridas em processos como entrevistas de emprego mesmo apresentando currículos melhores em relação às concorrentes brancas.
“Acho que a gente precisa começar a diferenciar sim, tratar os desiguais de maneira diferente para que a gente possa realmente tentar conseguir aí alguma igualdade. As cotas acho que são extremamente necessárias e importantes, não só dentro da política, mas dentro de todas as instituições brasileiras”.
Jarid Arraes nasceu em de Juazeiro do Norte, Ceará, Região do Cariri no ano de 1991. A poetisa é escritora, cordelista e autora de vários livros, dentre eles o romance “Corpo Desfeito” e do “Redemoinho Em Dia Quente” que venceu o Prêmio Biblioteca Nacional da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte de Literatura) na categoria contos e finalista do Prêmio Jabuti.
Em entrevista ao R7 ela fala: “Eu sempre questionei o machismo que eu sofria, ainda que eu não soubesse nomear muito bem uma forma de combatê-lo, mas foi com a internet que descobri blogs feministas, trabalhos acadêmicos que tratavam do assunto, e consegui compreender que todo o meu desconforto fazia sentido e não era algo apenas pessoal, era uma questão social muito dominante”.
Continua Jarid: “Como eu estava no interior do Ceará e queria me envolver com ações feministas, fundei o grupo FEMICA (Feministas do Cariri) que realizava ações regionais; depois fui convidada para participar do Pretas Simoa, o Grupo de Mulheres Negras do Cariri e fiquei no coletivo até me mudar para São Paulo”.
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais, no ano de 1914. Filha de pais analfabetos começou a frequentar a escola aos 7 anos, mas em pouco tempo aprendeu a ler e escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. Em 1937, após a morte da mãe, foi morar em São Paulo.
Foi catadora de papel, escritora, mãe solteira de três filhos todos de relacionamentos diferentes. Defendia a educação de qualidade, moradia, emprego e reforma agrária. Publicou quatro livros em vida e deixou seis livros póstumos, 5 mil páginas de manuscritos, peças teatrais, composições musicais, poemas e contos. Seu livro mais famoso é o “Quarto de Despejo”: diário de uma favelada, diário de sua vida.
Maria da Conceição Evaristo, nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, no ano de 1946. Estudou na escola pública, foi empregada doméstica, professora, fez faculdade de Letras, mestrado e doutorado.
Escritora consagrada na literatura contemporânea, suas obras são caracterizadas pelo protagonismo feminino e pela denúncia de discriminação racial. A poetisa, contista e romancista é autora de vários livros, tendo como o livro mais famoso “Ponciá Vicêncio”, que discutem questões de gênero e etnia. Conta a história de uma mulher negra que sai do interior a procura de transformar sua vida. Recomendo essas autoras.
Prof. Salmito Campos – (jornalista e radialista).



