“Estende a tua mão para o pobre”. Este é o lema escolhido pelo Papa Francisco para a quarta edição do Dia Mundial dos Pobres, celebrado neste domingo próximo, o 33º do Tempo Comum. Dessa forma, mais uma vez, o Santo Padre apela ao envolvimento da comunidade cristã no compromisso com a caridade, ainda mais em tempos difíceis de uma pandemia que atingiu diretamente a economia mundial.
A vida e o testemunho de tantos santos e santas, canonizados ou não, nos mostra que a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos são inseparáveis. D. Hélder Câmara, D. Pedro Casaldáliga, Pe. Ezequiel Ramim, Santa Dulce, D. Oscar Romero e tantos outros são exemplos que nos interpelam a tal reflexão. O evangelho que proclamamos e escutamos deve estar encarnado na vida dos sofredores.
Isso não pode ser esquecido, pois corremos o risco de construirmos uma espiritualidade tal como um grande edifício, que busca um Deus que está lá em cima, enquanto se distancia do chão da existência. Mas a própria Tradição da Igreja nos mostra que uma fé só é autêntica quando se converte em um compromisso eclesial e social.
A própria cruz, que é símbolo cristão, possui dois segmentos: um vertical, que nos conduz à divindade, e outro horizontal, que nos conduz à humanidade. E essa humanidade está cheia de pessoas carentes de paz, de pão e de Deus. A pandemia vivenciada durante este ano aumentou o número de necessitados.
Como um cristão pode viver confortável quando alguém ao seu lado passa por necessidades? Como se pode viver a fé sem um envolvimento na comunidade cristã e sem a experiência da partilha? É mister haver uma real conversão pastoral entre os bispos, sacerdotes, religiosos e leigos. O Papa Francisco tem-nos feito refletir bastante a partir da criação do Dia Mundial dos Pobres.
Em sua mensagem para a celebração deste ano, ele lembra o quanto é difícil “manter o olhar voltado para o pobre”, mas assinala que isso é “necessário para imprimir a justa direção à nossa vida pessoal e social”. Em tempos de dor, morte, desconforto e perplexidade, podemos ver tantas mãos estendidas para oferecer.
Assim, as causas sociais precisam ser reassumidas pelos católicos, através das pastorais sociais, da proximidade com o homem do campo e com tantas pessoas ainda oprimidas e escravizadas, sem voz e nem vez. A fé pressupõe: ver as realidades o mundo, julgar as necessidades pertinentes e agir para modificá-las.
Para tal, não é necessário agir pela grandeza ou pelo extraordinário. Francisco nos convoca a uma revolução cultural dos pequenos gestos a partir da simplicidade. Eis uma razão para viver com maior fé e intensidade este Dia Mundial do Pobres. Vivamo-lo na grandeza da simplicidade dos pequenos gestos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *