EU VI DEUS NUM SER HUMANO

Quantas vezes não pensamos no título, eu vi Deus num ser humano quando nos deparamos com pessoas “humanas demais?”. Na primeira viagem interestadual que realizei desde o início da pandemia tive a graça de conhecer o Pe. Júlio Lancellotti. Paulista, de 71 anos, simples, atencioso, discípulo do Servo de Deus Luciano Mendes de Almeida (Dom Luciano), apóstolo de Jesus Cristo na pessoa do irmão sofrido, do irmão em situação de rua. É o vigário episcopal da Arquidiocese de São Paulo para esta população e outros filhos de Deus menos favorecidos.
Logo no início de sua formação, o Pe. Júlio quis ser sacerdote, operário da Messe do Senhor Jesus. Por razões diversas não concluiu os estudos de seminário. Fez curso de auxiliar de enfermagem, na Santa Casa de Bragança Paulista, a mesma onde viveu a amada Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus e formou-se em pedagogia. Foi professor, continua seu magistério, com ensinamentos de vida, de vida eterna, de santidade. Um dia, em 1980, conheceu Dom Luciano Mendes, então bispo auxiliar de São Paulo e o desejo de seguir o Mestre de Nazaré reacendeu e assim ele o fez. Depois dos estudos de Seminário, foi ordenado sacerdote por Dom Luciano e decidiu, nos fazendo lembrar o apostolado de Santa Teresa de Calcutá e Santa Dulce dos Pobres, acolher Deus nos irmãos mais sofridos. Pe. Júlio faz um trabalho belíssimo nas casas Vida que fundou e tem a missão de ser pároco, capelão e vigário episcopal de uma população que tanto necessita de atenção e ele tal um bom pai a todos acolhe, ouve, orienta, santifica. Onde houver um irmão necessitado, aí está a Paróquia do Pe. Júlio.
Antes mesmo de vir a São Paulo, fui perguntado pela jornalista Fabiana Kelly se eu o conhecia e não hesitei em manifestar meu desejo de conhecê-lo. As lágrimas não se comportam enquanto escrevo este texto. Quem escreve sabe que o texto surge, antes de tudo, na mente. Enquanto eu vinha para São Paulo, a expectativa de encontrar o Padre era tão grande que o texto foi tomando conta da mente. Agora, por conta do prazo do jornal, colocando-o no papel, ainda no calor da emoção do encontro, o ideal de tentar traçar um rápido perfil de um homem santo que percorre as ruas de São Paulo levando a Trindade Santa a todo filho de Deus, dizendo que ele é amado e importante para Deus, tenta se concretizar.
Apaixonado que sou pelas figuras iluminadas dos santos, senti-me maravilhado em perceber que o Pe. Júlio é, realmente, devoto destes seres iluminados que irradiam a Luz de Deus por onde passaram. Ele conserva cartões com santinhos, medalhas, relíquias, algo tão raro nos dias de hoje. E quão feliz fiquei em saber que ele também é devoto do meu amado onomástico, São José Sánchez del Río, o Joselito, José Luis, mexicano dos tempos cristeros.
Pe. Júlio confidenciou que perguntado uma vez o que Jesus dirá a ele quando se encontrarem, ele disse que Jesus perguntaria se algum dia ele O reconhecera entre os irmãos menos favorecidos. O que dizer? Faltam palavras…
Há alguns dias o Pe. Júlio recebeu uma ligação do Papa Francisco, o que penso tenha sido o maior dos inúmeros prêmios que lhe foram entregues, entre os quais a titulação de Doutor Honoris Causa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Saio de São Paulo com a sensação de que vi Deus num homem!



