Francisco e a ecologia integral

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“O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral” (Laudato Si 13). É dessa forma que o Papa Francisco faz um apelo aos cristãos, juntamente com todas as pessoas de boa vontade, a trilharem o caminho de uma ecologia integral.
O papel ecológico da Igreja já foi despertado há um tempo. A novidade inserida no Magistério Social pelo Papa Francisco é com relação a uma integração entre a crise ambiental e a crise social. Não há duas crises separadas, mas sim uma complexa crise socioambiental.
Dessa forma, os caminhos que se abrem diante desse diagnóstico, que afeta a todos, deve considerar o combate à pobreza, a dignidade dos excluídos, o cuidado com a natureza. Se pensarmos no problema da fome, por exemplo, não se pode separar seus aspectos sociais, econômicos e ambientais. Já que as sociedades são partes que integram o planeta, é justo que a preocupação ecológica integre o ambientalismo com os problemas sociais.
Não se pode cuidar dos seres humanos prescindindo dos recursos ambientais, nem muito menos se pode levantar a bandeira ecológica sem um projeto que favoreça os excluídos. O terremoto que atingui o Haiti, no último dia 14 de agosto, foi uma catástrofe ambiental que acentuou inúmeros problemas socioeconômicos da população local. Isso mostra o quanto o social e o ambiental estão interligados.
É o que o Sumo Pontífice defende na Laudato Si, relembrando a missão originária do ser humano de cultivar e guardar o jardim do mundo. Há, pois, uma relação de reciprocidade e responsabilidade entre o ser humano e a natureza. Uma integração que deve buscar o equilíbrio e a harmonia.
Ao lado do desejo de São Francisco de Assis de ser um com os pobres, estava a harmonia e o respeito com que ele viveu com a criação. Havia um olhar amoroso para com cada homem, cada pobre, cada planta, cada ser. Um olhar integral para tudo o que fora criado por Deus.
Eis uma grande inspiração para os tempos atuais em que os problemas ambientais clamam por soluções não só na técnica, nos grandes líderes, mas também, e principalmente, em uma mudança do ser humano. Já se fala, no ambiente eclesial, de uma “conversão ecológica”. Voltar à vocação de guardiões da criação é parte essencial da vocação cristã.
E já podemos contemplar lampejos de esperança. Por muito tempo se viveu uma confiança irracional no progresso e nas capacidades humanas. Hoje, já estamos no tempo do despertar. A espiritualidade cristã deve comportar a nossa relação com os problemas sociais e ambientais. Tal é o caminho que a Igreja e o mundo são chamados a trilhar.

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