“O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral” (Laudato Si 13). É dessa forma que o Papa Francisco faz um apelo aos cristãos, juntamente com todas as pessoas de boa vontade, a trilharem o caminho de uma ecologia integral.
O papel ecológico da Igreja já foi despertado há algum tempo. Os últimos papas já vinham abordando uma preocupação ecológica. A novidade inserida no Magistério Social pelo Papa Francisco é com relação a uma integração entre a crise ambiental e a crise social. Não há duas crises separadas, mas sim uma complexa crise socioambiental. Tudo está interligado em nossa grande Casa Comum
Dessa forma, os caminhos que se abrem diante desse diagnóstico, que afeta a todos, deve considerar o combate à pobreza, a dignidade dos excluídos, o cuidado com a natureza. Se pensarmos no problema da fome, por exemplo, não se podem separar seus aspectos sociais, econômicos e ambientais. Já que as sociedades são partes que integram o planeta, é justo que a preocupação ecológica integre o ambientalismo com os problemas sociais.
Não se pode cuidar dos seres humanos prescindindo dos recursos ambientais, nem muito menos se pode levantar a bandeira ecológica sem um projeto que favoreça os excluídos. O terremoto que atingui o Haiti, em agosto de 2021, por exemplo, foi uma catástrofe ambiental que acentuou inúmeros problemas socioeconômicos da população local. Isso mostra o quanto o social e o ambiental estão interligados.
É o que o Sumo Pontífice defende na Laudato Si, relembrando a missão originária do ser humano de cultivar e guardar o jardim do mundo. Há, pois, uma relação de reciprocidade e responsabilidade entre o ser humano e a natureza. Uma integração que deve buscar o equilíbrio e a harmonia.
E já podemos contemplar lampejos de esperança. Por muito tempo se viveu uma confiança irracional no progresso e nas capacidades humanas. Hoje, já estamos no tempo do despertar. A espiritualidade cristã deve comportar a nossa relação com os problemas sociais e ambientais. Tal é o caminho que a Igreja e o mundo são chamados a trilhar.
Ao lado do desejo de São Francisco de Assis de ser um com os pobres, estava a harmonia e o respeito que ele teve para com a criação. Havia um olhar amoroso para com cada homem, cada pobre, cada planta, cada ser. Um olhar integral para tudo o que fora criado por Deus.
Eis uma grande inspiração para os tempos atuais em que os problemas ambientais clamam por soluções não só na técnica, nos grandes líderes, mas também, e principalmente, em uma mudança do ser humano. Já se fala, no ambiente eclesial, de uma “conversão ecológica”. Voltar à vocação de guardiões da criação é parte essencial da vocação cristã.

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