Herculano Costa Comenta

Raça, racismo e discriminação social

Raça é um termo que se refere a uma categorização de seres humanos, com base em características físicas e/ou socioculturais. O conceito de raça surgiu para classificar plantas e animais, mas foi posteriormente aplicado a classificações de grupos de seres humanos.
Algumas características físicas que são comumente usadas para definir a raça de uma pessoa são: cor da pele, textura do cabelo, caracteres faciais, aspectos do formato do corpo etc. No entanto, o conceito de raça é uma idealização social.
O termo foi historicamente usado para justificar a ideia de que um povo é “melhor” do que outro. E isso serviu de base para a ideia do racismo que se estabeleceu em tempos passados e permanece nos tempos atuais.
Atualmente, o termo raça é usado para entender desigualdades raciais. Os movimentos sociais defendem que o conceito de raça foi criado para dar poder à “raça branca”, tida como superior, em detrimento de outras pessoas que, por causa disso, são consideradas inferiores.
Raça é, também, uma categoria das espécies de seres vivos, utilizada pela biologia, como forma de classificação. Em termos sociais, o uso da terminologia raça é feito, enquanto senso comum, para determinar grupos étnicos, a partir de suas características genéticas.
As “raças humanas” seriam determinadas pela cor da pele e características físicas, associadas a origem social dos indivíduos, mas que caiu em desuso graças a intervenções feitas pela comunidade científica mundial.
Estudos genéticos já provaram que não existem subgrupos de seres humanos, sendo errado classificar negros, asiáticos, indígenas ou outros grupos, enquanto diferentes raças.
As abordagens antropológicas e sociológicas sobre a questão, estabeleceram que os diferentes grupos entre humanos são etnias, que apresentam diferenças fenotípicas, como a cor de pele, por exemplo.
Enquanto a noção social de raça caiu em desuso, um sinônimo mais adequado da palavra seria preconceito de cor. Por exemplo, ao invés de usar “a raça negra sofre preconceito no Brasil”, usar-se-ia a expressão: “as pessoas de cor negra sofrem preconceito no Brasil”.
(No Brasil, o Censo do IBGE, categorizou as pessoas, para efeito de identidade civil como: Preto, Pardo, Branco, Indígena, Amarelo).
Mas, enfim, racismo, o que é? Racismo é uma forma de discriminação social que se baseia na ideia de que algumas raças são supostamente superiores ou inferiores a outras. Essa conceituação implica em se fazer discriminação social. Dessarte, a discriminação social é uma ação injusta ou desigual, contra pessoas ou comunidade de pessoas, baseada em preconceito discriminatório ou outra coisa que o valha.
Ressalte-se que a discriminação social no Brasil vem desde os tempos primordiais da nossa colonização, até os dias de hoje. E, atualmente, é um problema que se manifesta de diversas formas, como o racismo, o preconceito de classe e o machismo:
Racismo – A maioria dos brasileiros acredita que o racismo é a forma mais comum de discriminação no país. E de fato o é. E acontece de forma estruturada, já nos diversos segmentos das nossas atividades sociais. O racismo estrutural é um problema que permeia a sociedade brasileira, afetando a cultura, a política, a educação, o mercado de trabalho e a formação educacional brasileira. A desigualdade racial é o resultado do racismo estrutural.
Preconceito de classe – A posição social, o acesso à renda, o padrão de vida, o nível de escolaridade e a cultura, geram diferenças profundas entre as classes sociais.
Uma pesquisa, embora não muito recente, realizada pelo Instituto Data Folha em 2019 (há 6 anos, portanto) apontou que 30% dos brasileiros afirmaram ter sofrido algum tipo de preconceito, por cause de sua classe social. Esse percentual pode até ter crescido ou mesmo arrefecido nesses últimos 6 anos, se é que, nesse período, houve outro levantamento. Mas o certo mesmo é que o preconceito de classe é, cada vez mais, visivelmente sentido.
Machismo – O machismo é também estrutural no Brasil. E, contra as mulheres negras, nem se fala. Elas são duplamente discriminadas, por serem vistas como objetos, pelo machismo e, também, como sub-humanas, pelo racismo.
O que é discriminação social? – A discriminação consiste no tratamento injusto ou depreciativo, que pode ocorrer, em razão de aspectos como idade, etnia, gênero, orientação sexual, condição social, religião ou eventual deficiência. A prática da discriminação pode levar à exclusão ou mesmo segregação social. Tipo assim: ter-se dois cargos idênticos, mas com salários diferentes para homens e para mulheres. Ou ainda, uma empresa se negar a contratar pessoas homossexuais. É um agir depreciativo em relação ao outro.
Na prática, esse tipo de situação contraria o que a Declaração Universal dos Direitos Humanos preconiza, em seu Artigo 1º — “… “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. E a respeito disso, vamos encontrar também na própria Declaração dos Direitos Humanos, a perspectiva de que, “todos têm capacidade de gozar dos direitos estabelecidos em nossas leis, sem qualquer distinção”. A nossa Constituição Federal também estabelece como objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos, sem preconceito de raça, cor, sexo, idade e/ou quaisquer outras formas de discriminação.
Por Herculano Costa – (¹), (²) (hercoscosta@gmail.com) – (¹) Jornalista RI ACI Nº 1.216 – (²) – Neuropsicanalista Clínico, Professor, Escritor e Poeta.