JESUS INSTITUIU A IGREJA CATÓLICA

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Matheus Ribeiro

Escrito por Matheus Ribeiro, seminarista – Seminário São José, diocese de Sobral

É de minha pouca intencionalidade a enfatização dos desprovimentos originários a respeito dos fundadores e o espírito autêntico e verdadeiro das instituições que não parecem apreciar, ou até mesmo comungar, a nossa Igreja. Se houvesse outro substantivo que se apresentasse apropriado para sinonimizar a palavra “religião” e, sob este aspecto, elevá-la devido à sua divina criação, utilizá-lo-ia sem escusa alguma. É que nos dias de hoje, é preciso lembrar aos católicos da sua essência, sua missão e seu privilégio, porque se outorgou nos intransigentes meios, que a Igreja se tornou idêntica e condicionada em relação a todas as outras crenças. A igualdade humana na perspectiva da criação faz jus ao conceito de sermos todos irmãos, ou seja, iguais. O respeito e a liberdade religiosa entra neste viés, dando a cada um o direito de cultuar segundo a sua cultura e história. Ora, do mesmo modo isto se aplica a nós, mas o que nos acontece é que o medo ou a esquizofrenia levam-nos ao ponto de não admitirmos ser a Igreja “um projeto nascido no coração do Pai” (CIC 759). Mas este não é essencialmente o assunto que me ocupará o tempo nas sobras de tintas que na pena ainda me faltam.
Digníssimo leitor, no tempo da páscoa, procuramos viver intensamente uma alegria diferente de todas as outras alegrias, um “gaudium” repleto do desejo de um dia ressuscitarmos no Senhor. No Tríduo Pascal, adveio o sentimento de fazer-lhes refletir sobre as consequências da morte e ressurreição de Jesus em relação com a instituição da Santa Igreja, mas de modo histórico e comparativo, sem que se evite radicalmente algum comentário meta-histórico nessas linhas, se porventura abarcar-me tal atrevimento.
Sobre Jesus ter morrido da maneira como morreu, é uma das coisas mais claras, reais e históricas que se pode constatar na prova do sentimento humano frente a um iminente perigo. Comparemos, pois, os fundadores de religião, se é que podemos chamar Jesus de fundador de religião; caso entrássemos a fundo neste tema, procuraria o bom senso vetar a possibilidade de afirmar que este almejo, corriqueiro nos homens oradores dos dias de hoje, conceituaria Jesus.
Iniciemos com Moisés, ainda que bíblico, morreu com 120 anos, depois de ter libertado Israel do Egito e depois de ter contemplado, ao menos com os olhos, a terra prometida. O livro do Deuteronômio nos diz que sua visão não diminuiu nem o seu vigor físico atenuou-se. Saindo do âmbito bíblico, pensemos em Maomé, o fundador do Islã, que morreu com 84 anos, nos braços de suas 4 amantes. Este morreu depois de ter visto o sucesso da fundação do seu movimento. De Confúcio e Buda se falam a mesma coisa. O único que morreu jovem, de maneira extremamente humilhante, numa situação de absoluto fracasso, foi Jesus. isto se deu?
Ora, mesmo sabendo dos riscos que enfrentaria, Jesus parecia convencido de que a pregação do Reino de Deus deveria ser anunciada na capital do seu povo, em Jerusalém. Aqui se vê Nele tamanha grandeza, pois nutrindo humanamente a esperança de que a sua pregação pudesse eventualmente mudar alguns corações, dirigiu-se para lá a fim de manifestar o Reino, não somente na periferia de Israel, mas no centro da capital religiosa. Pode-se aqui pensar, erroneamente, que ali estando o exercício do poder político, e este exercício agindo contra os desígnios de Deus, seria de grande necessidade a chegada de Jesus no meio para firmar uma proposta diferente: instabilizar o modelo predominante. Jesus o fez, mas não aos moldes de um golpe de estado, mas numa conversão de espírito radical. Os dirigentes do sistema entenderam isto, e confirmado tal sentimento, não deixaria de ter muitos reflexos na vida cotidiana dos seus. Jesus mexeria na base do controle do poder religioso, se vermos com olhos expectantes, veremos ser Ele um galileu inofensivo, mas o que trazia no bojo, era capaz de sacudir violentamente toda aquela estrutura. Caifás soube disso: “É melhor que um só morra…”. Se esta conversão se alastrasse, afetaria até os romanos. De fato isto aconteceu, mas pelos caminhos da Páscoa, não fugindo da cruz. É discorrendo desta breve reflexão, que concluo: as outras religiões nascem no sucesso, menos Esta. Como de um fracasso total, surge uma religião mundial, a maior de todas?

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