Leigos: os trabalhadores da vinha
Dando continuidade às celebrações do mês vocacional, na quarta semana de agosto, a Igreja reza pela vocação dos leigos e leigas, em seus diversos ministérios e serviços na comunidade. Nos últimos tempos, a Igreja tem insistido no protagonismo dos leigos nos âmbitos da fé, da comunidade eclesial e na esfera do mundo.
Isso porque, a partir do Concílio Vaticano II, tenta-se superar o clericalismo na Igreja, que centraliza a missão eclesial na pessoa dos sacerdotes. Desse modo, busca-se valorizar a atuação do leigo cristão como uma bela vocação que merece ser promovida e incentivada.
A Igreja necessita, cada vez mais, de leigos comprometidos com a comunidade de fé e nos diversos segmentos da vida social. Eles têm a missão de ser o fermento de transformação profunda das realidades temporais, vivendo na comunhão da Igreja. Um leigo bem formado é um eficaz instrumento de anúncio do Evangelho, pois ele se torna a voz da Igreja no mundo.
Além disso, com o aumento do número de comunidades em nossas paróquias, a atuação dos leigos torna-se central e vivificante. Em algumas comunidades, a presença do sacerdote resume-se a um dia no mês ou, em realidades eclesiais mais defíceis, a um dia no ano. Os leigos sustentam a evangelização, a espiritualidade e a animação pastoral nas nossas comunidades.
E como é edificante para a vida da Igreja o testemunho de tantos leigos que se doam pelo Reino de Deus, como Ministros Extraordinários da Eucaristia e da Palavra, como catequistas, agentes de pastoral, missionários, líderes comunitários. Tantas pessoas que servem com amor e entusiasmo, que têm o serviço na Igreja como parte integrante de suas vidas e já não se imaginariam fora desse serviço na comunidade.
Na Exortação Apostólica Christifideles Laici, de 1988, o Papa João Paulo II, refletiu sobre a vocação e a missão dos leigos. Afirmou que os fieis leigos pertencem àquele povo de Deus que é representado na imagem dos trabalhadores da vinha, do Evangelho. “A parábola do Evangelho abre aos nossos olhos a imensa vinha do Senhor e a multidão de pessoas, homens e mulheres, que Ele chama e envia para trabalhar nela. A vinha é o mundo inteiro”, afirmou o papa.
Assim, o Evangelho precisa ser anunciado e vivido na família, no mercado de trabalho, na escola, na roça, na oficina, na política. Eis a missão dos leigos, que participam, a seu modo, do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, através do Batismo. Por isso, eles precisam ter uma clara consciência não só de pertença à Igreja, mas de ser a Igreja. Essa é uma das nossas ricas heranças no Vaticano II.
Portanto, nessa última semana do mês vocacional, renovemos o nosso pertencimento à Igreja de Cristo, na oração, na ação, no compromisso e na fidelidade. Que os nossos leigos e leigas continuem a dar um contínuo testemunho de alegria e gratuidade no serviço ao Reino de Deus.