Dom Vasconcelos de preto

Texto: Jetha Loyola
O preto, símbolo da morte e da renúncia, foi adotado por muitos. No século XI, quando o papa Gregório VII (1020-1085) passou a exigir seu uso, a batina preta já era o traje habitual dos padres. Na ocasião, o papa regulamentou o emprego de cores segundo a hierarquia do clero.
Com certa estranheza entre os fiéis presentes no novenário de São Francisco de Assis de Forquilha, o Bispo de Sobral, Dom José de Vasconcelos, presidiu no último domingo a missa do nosso padroeiro paramentado com uma túnica preta, quando a ocasião festiva o habitual seria uma alva verde ou branca.
A cor preta consiste na cor mais escura de todo o espectro das cores e simboliza respeito, morte, isolamento, medo, solidão.
Logo nos ritos iniciais o carismático Pastor Diocesano explicou que o vestuário preto usados naquela ocasião simbolizava o luto, a dor, o sofrimento e a solidariedade da Igreja à todos as famílias forquilhenses vítimas da violência que assola nosso município. Portanto, foi um ato de protesto solitária do clérigo diante da indiferença da sociedade local.
Dom José de Vasconcelos em sua bela homilia chamou atenção dos poderes constituídos para que se adotem políticas públicos educacionais, e não somente ações ostensivas para o enfrentamento da violência. Como também foi enfático na defesa e valorização da vida, desde sua concepção no útero materno até o fim da caminhada terrena.
Pela primeira vez ouvi um sacerdote se posicionar tão veementemente sobre uma chaga que a sociedade carrega há anos, fruto de vários fatores, desde a má estruturação da família, passando pela falta de emprego até uma educação séria de formação profissional e voltada para o mercado de trabalho.
Confesso ser entusiasta da igreja que denuncia os males sociais do mundo moderno e que clama por justiça. Como católica fiquei encantado com a ousadia e clareza nas palavras do nosso Bispo Diocesano, que como Cristo na terra continua a pregar o valor da vida em toda sua plenitude.

Parabéns, Dom José Vasconcelos!

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